Outback passa por mudança: por que sucesso no Brasil choca americanos?
O Outback agora será operado pela gestora Vinci Partners. A confirmação da compra do controle da Bloomin' Brands no Brasil foi divulgada na semana passada. O país é responsável por 83% da receita do Outback Steakhouse no mercado internacional —fora dos Estados Unidos, país de origem da franquia —, e o sucesso surpreende até mesmo os donos da rede.
O que aconteceu
Procura para "ocasiões especiais" é motivo de choque nos EUA. No país de origem, a rede faz parte do circuito culinário de shoppings centers. Portanto, escolha por "experiência chique" causa surpresa nos norte-americanos, segundo o jornalista Terrence McCoy, do The Washington Post. O próprio site da rede diz que o "Outback caiu no gosto do brasileiro pela qualidade e sabor marcante da sua culinária, somados à descontração no atendimento e às instalações aconchegantes".
No Brasil, rede fez tanto sucesso que "se tornou um marco cultural". Para McCoy, o restaurante pode ter apostado em um bom marketing para propor uma experiência mais do que refeição, "onde as pessoas podem se entregar à extravagância e comemorar os maiores marcos da vida. Um aniversário. Uma promoção de emprego. Mesmo um noivado".
Uma das razões apontadas é a mudança de hábito alimentar. O texto diz que mudanças da vida moderna fizeram com que as pessoas tivessem menos tempo para cozinhar. O jornalista defende que brasileiros optam por deixar de lado a clássica combinação de arroz com feijão, por exemplo, e que restaurantes americanos estariam reforçando essa mudança.
Como as exigências da vida moderna deixaram menos tempo para cozinhar, as classes média e alta escolhem cada vez mais 'alimentos globais que são menos saudáveis', observou um investigador num estudo. Nas últimas duas décadas, relata a Associação Nacional de Restaurantes, o consumo de alimentos em restaurantes de fast food aumentou 70%. Estima-se agora que, até 2025, o brasileiro típico não comerá mais arroz e feijão cinco dias por semana.
Terrence McCoy, do The Washington Post
Apesar de enfatizar muitos aspectos da cultura australiana, o Outback foi fundado nos Estados Unidos. A origem se deu quando quatro empresários de Tampa, na Flórida (EUA), decidiram criar um restaurante que fugisse dos padrões da época — março de 1988. O tema, inclusive, costuma irritar os australianos, que enfatizam que a invenção é norte-americana e não tem nada a ver com a Austrália.
Como foi a negociação
Vinci Partners terá 67% da operação da rede norte-americana. Com a negociação firmada por R$ 1,4 bilhão, a Bloomin' Brands permanecerá como acionista minoritária dos restaurantes no Brasil, com participação de 33%.
Marcas adquiridas somam quase 200 restaurantes no Brasil. A maior parte das unidades é do Outback (174). Na sequência, aparecem 17 lojas da Abbraccio e duas unidades da Aussie Grill.
Estou animado em anunciar nossa parceria de franquia no Brasil com a Vinci Partners. Estou confiante de que nossa escala e liderança de marca no Brasil, combinadas com a expertise local da Vinci, maximizarão o potencial de crescimento futuro.
Mike Spanos, CEO da Bloomin' Brands
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