Governo anuncia ferramenta que facilita avaliação socioambiental do agro
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O Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), do governo federal, lançou nesta semana, antes de estar pronta para funcionar, uma ferramenta destinada às instituições financeiras responsáveis pela liberação de crédito rural. Trata-se de um serviço de consulta a práticas agropecuárias sustentáveis, a partir da avaliação de certificações de qualificação socioambiental. O objetivo é dar aos bancos subsídios no momento da análise e possível liberação de crédito.
A nova ferramenta do Serpro irá reunir dados fornecidos pelos produtores na Plataforma Agro Brasil+ Sustentável junto às bases oficiais de governo, por exemplo CAR (Cadastro Ambiental Rural), Sistema de Gestão Fundiária, Sistema Nacional de Cadastro Rural e habilitação ao Plano Safra. Há ainda uma terceira parte, as certificadoras.
Apesar do anúncio de lançamento do serviço, ele ainda não está pronto. Nesta fase, os produtores rurais ainda estão sendo estimulados a colocar seus dados na Plataforma Agro Brasil+ Sustentável e as certificadoras ainda não estão habilitadas.
De acordo com o Serpro, as certificadoras incluídas na Plataforma são as credenciadas e reconhecidas nos Programas de Sustentabilidade do Ministério da Agricultura e Pecuária: Produto Orgânico, Programa de Boas Práticas Agrícolas, Programa Produção Integrada Agropecuária.
Bruno Vilela, superintendente de Negócios do Serpro, esclarece que o momento é de habilitação das certificadoras credenciadas pelo governo, enquanto os produtores podem inserir os dados para a qualificação socioambiental de cada uma de suas propriedades.
Segundo o Serpro, as certificadoras credenciadas e reconhecidas serão divulgadas após a publicação da Portaria Interministerial, emitida pelo Ministério da Fazenda e pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, prevista para ocorrer até a próxima semana.
Quando o serviço estiver mais robusto, bancos públicos, privados, agências de crédito, cooperativas ou qualquer instituição financeira interessada em informações sobre práticas socioambientais poderão passar a utilizá-lo. Ao ser acionada pelo produtor rural, a instituição financeira deverá informar o CPF ou CNPJ, bem como o número do CAR, para acessar os dados de habilitação do produtor solicitante, que foram gerados a partir da Plataforma AgroBrasil + Sustentável.
Procurada, a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) entende que "a nova ferramenta poderá ser importante para permitir uma análise de crédito mais ágil e assertiva". Mesmo assim, o órgão esclarece que os bancos não serão obrigados a utilizar o novo serviço do Serpro. "Com a plataforma disponível, as instituições financeiras poderão tomar a decisão de utilizá-la, de acordo com suas análises de custo e benefício."
Inflação dos alimentos e carne nas alturas
A inflação, medida pelo IPCA, fechou 2024 com alta de 4,83%. O resultado foi acima do teto da meta da inflação para o ano. O grupo de Alimentos e Bebidas foi o principal fator de elevação. No acumulado do ano, a inflação desses itens foi de 7,69%, contra apenas 1,03% em 2023. Segundo o IBGE, os preços de carnes subiram 20,84% em 2024.
Recordes no arroz
A colheita da safra 2024/25 do arroz pode ser a maior em sete anos, com 12,06 milhões de toneladas. O possível recorde se deve ao aumento de área de quase 10% em relação à safra anterior, segundo informações do Centro de Estudos em Economia Aplicada. A previsão é que as vendas alcancem 2 milhões de toneladas e, com isso, a importação caia 18%, para 1,4 milhão de toneladas.
Ricardo Santin vê primeiro semestre promissor para a proteína animal
O setor de proteína animal encerrou 2024 com resultados satisfatórios, sobretudo com a alta do dólar. As exportações de carne de frango cresceram 3%, e a receita com embarques aumentou 1,3%, se aproximando de US$ 10 bilhões. Já as exportações de carne suína cresceram 10%, registrando recorde no ano passado. A receita aumentou 7,6% e, pela primeira vez, superou US$ 3 bilhões.
Ricardo Santin, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), conversou com o UOL sobre as projeções para os próximos meses, frente a um cenário internacional de aumento da gripe aviária - doença que ameaça granjas e rebanhos em diversos países concorrentes.
UOL - O que esperar para o próximo semestre, com o patamar de dólar acima dos R$ 6 e uma safra de milho que contribui para o custo acessível da ração?
O que enxergo de maneira bem clara é um bom primeiro semestre. Nós vemos na repetição desses elementos a conjunção do segundo semestre de 2024, que foi bem positivo e deve se repetir. Custo de grãos estável de julho para cá, safra de milho muito boa com uma saca que deve ficar perto dos R$ 70 e equilíbrio entre oferta e demanda. Além disso, temos as mesmas condições de alojamento, matrizes, capacidade produtiva, então vemos um primeiro semestre de bons resultados.
UOL - Outro fator que pode contribuir para isso é um possível aumento das exportações, devido à questão da gripe aviária em outros países? O senhor também preside o Conselho Internacional de Avicultura. Como enxerga este cenário?
É claro que não queremos ver nenhum país sofrendo com a influenza aviária, que continua atacando severamente muitas produções industriais. Recentemente, foi registrada a primeira morte de humano causada pela doença, além de casos de rebanho leiteiro nos Estados Unidos. Isso diminui o ímpeto dos concorrentes, principalmente Estados Unidos e Europa. Aqui no Brasil, nós não temos esse problema em granjas comerciais, reforçamos nossos protocolos de biossegurança e é por isso que nossas exportações seguem fortes.
UOL - Para 2025, a ABPA mira abertura de novos mercados? Houve um esforço grande do Ministério da Agricultura e Pecuária no ano passado neste sentido. Existe algum país específico para conquistar?
Veja que a exportação brasileira de carne suína tinha a China com maior importador do Brasil nos últimos cinco anos. A China reduziu em 38% as importações de carne suína, mesmo assim o Brasil conseguiu crescer nas suas exportações em 10%. Isso significa que o Brasil construiu uma capilaridade. O maior importador de carne suína do Brasil hoje são as Filipinas, que em 2023 importava 113 toneladas e esse ano importou 250 toneladas. A China caiu 38%, mas cresceu Chile, Japão, Singapura, Uruguai, México e vai continuar crescendo. Não é só abrir mercado que produz mudanças, mas ser um país reconhecido como livre de gripe aviária amplia as possibilidades de produtos exportados. Claro que temos expectativas, como abrir o mercado da Indonésia para suínos, temos uma missão para Nigéria e Senegal e países menores da América Central, que eram atendidos pelos Estados Unidos e agora passam a buscar o Brasil como alternativa.
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