Haddad: 'Podemos nos surpreender positivamente com a inflação deste ano'

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, previu hoje que a inflação pode surpreender positivamente neste ano. A avaliação considera a safra recorde estimada e a desvalorização do dólar em relação ao real.

O que aconteceu

Ministro da Fazenda prevê alta menor dos preços neste ano. Segundo Haddad, a safra recorde e o comportamento cambial vão impedir a manutenção da inflação em patamares elevados. "Eu acredito que nós possamos nos surpreender positivamente com a inflação", disse durante participação no seminário Rumos 2025, promovido pelo jornal Valor Econômico.

Ele recordou as dificuldades enfrentadas no ano passado. O ministro recorda que as expectativas sobre os cortes de juros nos Estados Unidos não foram efetivadas e comprometeram diversos países. "Isso deu uma desorganizada geral. Todo mundo estava com um planejamento, imaginando uma coisa, mas veio outra e dólar se fortaleceu muito no mundo inteiro", afirmou.

Não acredito que essa má surpresa que nós tivemos no ano passado vai se repetir esse ano para o Brasil.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Ambiente será "um pouquinho melhor", avalia o ministro. Na percepção de Haddad, a economia nacional pode enfrentar outros problemas ao longo deste ano. Ainda assim, ele prevê um cenário mais favorável do que aquele vivenciado em 2024. "Não acredito que vai ser fácil nenhum cenário macroeconômico externo, mas, na comparação com o ano passado, penso que vai ser um pouquinho melhor. Isso pode ajudar, tanto na inflação, como no trabalho do Banco Central, que é uma consequência disso", disse.

Ministro vê "margem" para corte da Selic ainda em 2025. Ao ser questionado sobre o futuro da taxa básica de juros, Haddad disse ser "constrangedor" a realização de uma projeção. Ainda assim, disse haver razões otimistas para prever uma redução ainda neste ano. "Acredito que vamos ter uma margem de manobra um pouquinho maior do que está sendo previsto", reforçou.

Mercado financeiro prevê inflação de 5,65% neste ano. A projeção apresentada hoje pelo Banco Central representa o segundo recuo consecutivo das expectativas para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Ainda assim, a estimativa permanece acima do teto da meta definida para este ano.

Atuação no Judiciário

Ministro defende presença do Executivo nos tribunais superiores. Haddad afirmou que inúmeras ações judiciais foram vencidas pela União devido à presença ativa do governo federal para impedir prejuízos nas contas públicas. Entre os exemplos bem-sucedidos, ele recordou a compensação para o fim gradual da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores.

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Não é porque o Supremo mudou: é o mesmo, com a mudança de um ou dois ministros. O que mudou foi a atuação do executivo em mostrar as doenças para a sociedade como consequência de uma mudança na jurisprudência que poderia trazer grandes prejuízos.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Haddad comemora manutenção da dedução com educação. A decisão tomada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na semana passada mantém o limite máximo de dedução com os gastos no Imposto de Renda em R$ 3.561,50. "Poderia abrir um rombo de R$ 115 bilhões nas contas públicas", avaliou.

Ele defendeu a união entre os três poderes da República. Segundo Haddad, a decisão do passado que ficou conhecida como a "Tese do Século" excluiu o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) da base do PIS/Cofins e causa um prejuízo trilionário para os cofres públicos. "O governo cochilou. [...] 10% do PIB da nossa dívida pública é dessa questão", avaliou.

O governo da época perdeu [no STF] por 6 a 5. Se tivesse feito uma apresentação das consequências da tese do século sobre as contas públicas, eu tenho certeza que, no mínimo, [o Supremo] não mandaria a decisão retroagir cinco anos.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

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