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Tombini: Brasil está crescendo abaixo do seu potencial

28/02/2012 12h05Atualizada em 28/02/2012 15h45

BRASÍLIA, 28 Fev (Reuters) - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira que a economia está crescendo abaixo do seu potencial e que esse cenário permite o afrouxamento da política monetária. Ele disse ainda que o BC manterá o processo de acumulação de reservas internacionais, indicando que continuará atuando no mercado cambial.

"Nos últimos três trimestres, incluindo este primeiro trimestre de 2012, o Brasil cresce abaixo do potencial", afirmou Tombini ao participar de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e a uma semana da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

"Não é por outra razão que o Banco Central vem ajustando sua taxa de juros nesse período, em função do crescimento da economia abaixo do PIB potencial", complementou.

Nos próximos dias 6 e 7, o Copom se reúne novamente para decidir sobre o futuro da Selic que, hoje, está em 10,50% ao ano. O BC já deixou claro que busca levar a taxa a um dígito e, assim, o mercado calcula que outro corte de 0,50 ponto percentual deve vir agora, que seria o quinto seguido nessa magnitude.

Ao comentar o ritmo de crescimento do país, o presidente do BC projetou que a economia avançará mais em 2012 em comparação a 2011 e que o dinamismo será maior no segundo semestre do que no primeiro semestre. 

Inflação em queda

Na audiência, que durou quase quatro horas, Tombini fez uma avaliação favorável da conjuntura econômica, salientando que o Brasil passa por um processo de desinflação, com os preços em queda e repetindo que estão em trajetória de convergência para o centro da meta de 4,5% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

"Esse é o quadro de desinflação que o Brasil vive desde setembro e outubro do ano passado na inflação de 12 meses ao consumidor", disse.

Tombini disse ainda que a política fiscal tem entregado os resultados esperados, em uma referência ao cumprimento da meta de superávit primário e ao corte de gastos públicos, adotado em 2011 e mantido para este ano no montante de R$ 55 bilhões.

Ele comentou ainda que o fato de o governo federal ter reduzido, no ano passado, as transferências de recursos do Tesouro Nacional ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico social (BNDES) foi um dos fatores que ajudaram na desaceleração da inflação.

"Houve moderação, e isso ajudou no processo de controle da inflação", afirmou. No ano passado, o governo autorizou o repasse de R$ 55 bilhões ao banco, dos quais R$ 45 bilhões foram transferidos até dezembro, e o restante em janeiro deste ano. Para 2012, a tendência, segundo o Tesouro é de transferência inferior à de 2011.

Câmbio

Ao responder a questões dos senadores sobre o arsenal do governo para evitar excessiva valorização do real, Tombini afirmou que a autoridade monetária mantém sua política de acumulação de reservas internacionais e que as ações no mercado cambial são úteis para evitar uma taxa de câmbio demasiadamente apreciada.

Segundo ele, o BC vai continuar entrando no mercado cambial para dar condições para que ele funcione, lembrando que o país tem recebido fortes fluxos cambiais. O BC tem atuado no mercado de câmbio, por meio de compra de dólares, para evitar uma forte depreciação da moeda norte-americana. 

"O Banco Central continua olhando para essa area e acumulando reservas", disse. "Não nos furtaremos de atuar nessa área", acrescentou.  

O BC tem atuado no mercado cambial desde o dia 3 de fevereiro por meio de leilões de dólares. A moeda está na casa de R$ 1,70.

Caderneta de poupança

Questionado sobre eventual intenção do governo brasileiro em alterar as regras de correção da caderneta de poupança, ele afirmou que a autoridade monetária não possui avaliações sobre esse assunto "no momento."

Tombini dedicou boa parte de sua exposição no Senado à análise dos efeitos da desaceleração da economia internacional e das decisões dos bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa de combaterem a desaceleração e o enfranquecimento do mercado de crédito mundial por meio de emissão de moeda.

De acordo com ele, as economias emergentes tem enfrentado e enfrentarão essa intensificação dos fluxos de capitais com a combinação de políticas macroeconômicas e prudenciais.

Ao abordar a preparação para a entrada em vigor, entre 2013 e 2019, das regras de Basileia 3, ele disse que a tendência é de maior internacionalização das instituições financeiras nacionais e demonstrou uma atenção à exposição desses bancos no cenário externo.

"As instituicões financeira vão entrar no mercado internacional mais firme e o Banco Central não quer ver essas instituições se aventurando com nível de rergulaçao inferior ao brasileiro", disse.