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Imóveis devem subir de 5% a 10% em SP e Rio em 2014, segundo pesquisa

Asher Levine e Silvio Cascione

03/12/2013 14h53

SÃO PAULO, 3 Dez (Reuters) - Os preços dos imóveis nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro devem subir de 5% a 10% em 2014 e no ano seguinte, segundo pesquisa da agência de notícias Reuters divulgada nesta terça-feira (3), com condições de crédito mais difíceis dissuadindo potenciais compradores e tirando o brilho de taxas de crescimento de dois dígitos vistas no passado.

De um grupo de 12 analistas consultados pela Reuters, oito previram que os preços dos imóveis nas duas principais áreas urbanas do Brasil devem subir de 5% a 10% em 2014, enquanto dois estimaram que não haveria nenhuma mudança.

Os preços dos imóveis na maior economia da América Latina cresceram nos últimos três anos, avançando 65%, com milhões de consumidores ingressando na classe média e tirando vantagem de aumentos salariais e condições mais facilitadas de crédito para comprar a casa própria.

Mas esse ritmo diminuiu à medida que a economia brasileira não conseguiu repetir o robusto crescimento da última década. Muitos brasileiros enfrentam uma pesada carga de dívida após terem tomado crédito para comprar uma série de bens, de carros a máquinas de lavar roupa, com o endividamento das famílias tendo dobrado desde 2005.

"O acesso ao crédito é cada vez mais restritivo e caro ... o que deve atrasar a compra da moradia para uma grande parte da população", disse Celson Placido, analista da XP Investimentos, ainda esperando que os preços subam a uma taxa de 5% a 10% nos próximos dois anos.

De fato, os preços da habitação não estão prestes a ceder, analistas observaram, em um cenário em que os salários continuam subindo, embora a um ritmo mais lento, e com a permanência da demanda por imóveis em um país com um déficit de 5,4 milhões de moradias em 2011, de acordo com as mais recentes estatísticas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Os preços dos imóveis subiram pouco acima de 10% até outubro deste ano, medidos pelo índice Fipe-Zap, que é calculado com base nos valeres nominais de residências anunciadas no site ZAP.

O aumento esperado para este ano e para o próximo no setor imobiliário ecoa a previsão para os preços ao consumidor em geral. Economistas vêem a inflação medida pelo IPCA subindo 5,9% em 2014 e 5,6% em 2015, acima do centro da meta do governo de 4,5%.

O Banco Central elevou a taxa básica de juros de volta para o patamar de dois dígitos no mês passado, em um esforço para reduzir as expectativas de inflação.

A maioria dos empréstimos hipotecários no Brasil são financiados pela caderneta de poupança, a taxas menores, mas os bancos estão desacelerando a concessão de crédito imobiliário e ao consumidor para protegerem sua posição de caixa e evitarem novas injeções de capital nos próximos meses.

A pesquisa no Brasil está em linha com as pesquisas da Reuters para os mercados dos Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha e China, locais onde a expectativa também é de que os preços dos imóveis percam força, mas não caiam.

Sem bolha

Como nas pesquisas anteriores, a maioria dos analistas afirmou que o aumento acentuado dos preços imobiliários nos últimos anos ainda não criou uma bolha no país.

"Se os preços estivessem demasiadamente altos em relação aos custos, o setor de incorporação estaria com lucros recordes, o que não é o caso. Os competidores menos eficientes estão, de fato, na faixa de prejuízos e tendo que ajustar seus modelos de negócios", afirmou Gilberto Abreu, diretor-executivo de Negócios Imobiliários do Santander.

Embora nenhum analista tenha estimado queda de preços para o próximo ano, a maioria vê os valores atuais dos imóveis como um pouco superestimados.

Para 2015, seis analistas enxergam os preços dos imóveis subindo de 5% a 10%, enquanto quatro preveem um avanço de até 5%. Um deles não viu nenhuma mudança nos preços e outro estimou um declínio de até 5%.

Os aluguéis comerciais devem subir no mesmo compasso que o mercado imobiliário residencial em 2014. Em 2015, no entanto, eles devem se estabilizar, segundo a pesquisa.

"O aumento no número de entrega de imóveis comerciais nos próximos trimestres deve colocar pressão sobre o preço atual dos aluguéis", disse o analista do JP Morgan Marcelo Motta, citando especialmente os empreendimentos "triplo A" de São Paulo, de lajes corporativas de alto padrão.

Analistas das seguintes instituições participaram da pesquisa: Banco Fator, Caixa Econômica Federal, Capital Economics, Credit Suisse, Gradual Investimentos, HSBC, Itaú Unibanco, JP Morgan Securities, Poli-USP, Santander Brasil, Tendências Consultoria, XP Investimentos.