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Criação de vagas nos EUA em agosto é a menor em 8 meses, força de trabalho diminui

05/09/2014 10h16

Por Lucia Mutikani

WASHINGTON (Reuters) - A criação de vagas nos Estados Unidos teve forte desaceleração em agosto e mais norte-americanos desistiram de procurar empregos, dando mais razões para que um cauteloso Federal Reserve, banco central dos EUA, aguarde mais tempo antes de elevar as taxas de juros.

A criação de vagas fora do setor agrícola chegou a 142 mil no mês passado, a menor em oito meses, informou o Departamento do Trabalho nesta sexta-feira. A taxa de desemprego caiu 0,1 ponto percentual, para 6,1 por cento, uma vez que as pessoas saíram da força de trabalho.

Os dados de junho e julho foram revisados para mostrar 28 mil vagas a menos criadas do que relatado anteriormente, ampliando o tom de fraqueza. Além disso, não houve criação de vagas na indústria e as vagas no varejo caíram pela primeira vez desde fevereiro.

"Claramente é decepcionante, mas a preponderância das evidências é que a economia ainda está ganhando muita tração", disse Russell T. Price, economista sênior do Ameriprise Financial.

Economistas projetavam criação de 225 mil vagas em agosto e que a taxa de desemprego cairia para 6,1 por cento.

A desaceleração inesperada na criação de vagas contradiz com indicadores do mercado de trabalho como os pedidos iniciais por auxílio-desemprego, que estão perto dos níveis pré-recessão.

Além disso, pesquisas do setor industrial e de serviços mostraram também forte criação de empregos em agosto, e a percepção de famílias sobre o mercado de trabalho melhorou significativamente, o que segundo economistas era consistente com condições mais apertadas no mercado de trabalho.

Alguns economistas haviam alertado que o relatório de agosto poderia ficar aquém das expectativas devido a fatores sazonais. É provável que os dados de agosto sejam revisados para cima.

A chair do Fed, Janet Yellen, está preocupada com o lento crescimento dos salários, o ainda elevado número de norte-americanos com empregos de meio período embora queiram empregos em período integral, e norte-americanos que ainda sofrem com um longo período de desemprego.

O banco central dos EUA tem apontado estes dados como evidência da "significativa subutilização" de recursos do mercado de trabalho, que merece uma política monetária expansionista.

A taxa de participação na força de trabalho, ou a parcela de norte-americanos em idade de trabalhar que estão empregados ou ao menos buscando um emprego, caiu para 62,8 por cento em agosto ante 62,9 por cento em julho.

No entanto, uma medida ampla de desemprego que inclui pessoas que querem trabalhar mas desistiram de procurar empregos e aqueles que trabalham em vagas de meio período pois não encontram empregos de período integral caiu para 12,0 por cento, o menor nível desde outubro de 2009, ante 12,2 por cento em julho. O número de norte-americanos desempregados por um longo prazo caiu ao menor nível desde janeiro de 2009.

A renda média por hora subiu 6 centavos em agosto. A renda média avançou 2,1 por cento ante o ano passado.

Os dados de emprego chegam antes da reunião de política monetária do Fed em 16 e 17 de setembro. O banco central tem mantido as taxas de juros perto de zero desde dezembro de 2008 e os mercados financeiros não preveem elevação até a metade do ano que vem.

A criação de vagas em agosto foi generalizada pela economia. O setor privado respondeu pela maior parte do aumento do número de vagas, abrindo 134 mil vagas após ter criado 213 mil em julho.

O setor público abriu 8 mil vagas conforme governos estaduais contrataram professores no início do novo ano letivo.

A indústria não criou vagas em agosto, após a forte abertura de 28 mil vagas em julho, que refletiu a decisão de montadoras de manter as linhas de montagem funcionando no verão. Foram fechadas 4.600 vagas no setor automotivo.

O setor de construção criou 20 mil vagas, subindo pelo oitavo mês consecutivo.