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PANORAMA 2- Dólar e DIS sobem por decepção com pesquisas e exterior; Bovespa cai

Bruno Federowski e Paula Arend Laier

16/10/2014 13h44

SÃO PAULO, 16 Out (Reuters) - O quadro externo negativo e a decepção com o resultado das pesquisas eleitorais do Datafolha e do Ibope sustentavam o dólar e os juros futuros em alta nesta quinta-feira, enquanto a Bovespa recuava.

O dólar chegou a subir 2 por cento e encostar em 2,51 reais, mas reduziu a alta ao longo da manhã. O humor internacional teve alguma melhora após uma rodada de dados econômicos positivos sobre os Estados Unidos.


Veja como estavam os principais mercados financeiros pouco depois das 13h desta quinta-feira:

CÂMBIO

O dólar subia nesta quinta-feira, pelo terceiro pregão seguido e chegando a encostar em 2,51 reais, com investidores decepcionados com as pesquisas eleitorais Datafolha e Ibope mostrando que as intenções de voto a Aécio Neves (PSDB) pararam de crescer.

Além disso, o cenário externo continuava conturbado, com temores generalizados sobre a economia global, que tem dado sinais de fraca recuperação.

A moeda norte-americana BRBY chegou a subir mais de 2 por cento, a 2,5072 reais, na máxima do dia logo após a abertura. Foi o maior nível intradia desde 3 de outubro, último pregão antes do primeiro turno das eleições presidenciais.

Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de 300 milhões de dólares. Durante a manhã, a alta do dólar perdeu força, num movimento de correção e após uma rodada de alguns indicadores econômicos positivos sobre os Estados Unidos, que trouxe algum alívio.

"O mercado estava fazendo apostas grandes demais numa vitória do Aécio. As pesquisas mostram que não vai ser tão fácil assim", disse o superintendente de câmbio da corretora Advanced, Reginaldo Siaca.

Tanto na pesquisa do Datafolha quanto na do Ibope, divulgadas na noite passada, Aécio tem 51 por cento dos votos válidos, contra 49 por cento da presidente Dilma Rousseff (PT), mesmo resultado dos levantamentos da última semana. Também azedava o humor do mercado o fato de a rejeição sobre o tucano --preferido dos mercados financeiros por prometer uma política econômica mais ortodoxa-- ter subido. 

O movimento de alta da moeda norte-americana também era sustentado pelas declarações do ex-presidente do BC Armínio Fraga --já anunciado como ministro da Fazenda caso Aécio vença as eleições-- à Reuters na véspera, de que num eventual governo tucano o atual programa de intervenções de câmbio seria encerrado imediatamente. 

Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 3,2 mil contratos para 1º de junho e 800 para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a 197,6 milhões de dólares.

O BC também vendeu a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 53 por cento do lote total, equivalente a 8,84 bilhões de dólares. 

A pressão sobre o dólar nesta sessão também vinha das persistentes preocupações com o crescimento global, que sustentavam a alta da divisa norte-americana em relação a várias moedas importantes, como o euro e os pesos chileno e mexicano.


"Os mercados (internacionais) ainda estão firmemente no modo de aversão ao risco", escreveu em relatório especialistas do Scotiabank, lembrando que parte do mercado já havia ajustado suas posições na véspera, quando o dólar subiu frente a diversas moedas. "Mesmo com as posições mais vulneráveis eliminadas, isso fez pouco para acalmar os temores dos investidores".

Pela manhã, foram divulgados alguns dados mais positivos sobre os Estados Unidos --como o menor número de pedidos de auxílio-desemprego na semana passada-- que trouxeram algum alívio, mas não suficiente para reverter o movimento de alta da divisa norte-americana.

BOVESPA

O principal índice da Bovespa recuava pelo segundo pregão consecutivo nesta quinta-feira, contaminado pelo o movimento de desalavancagem nos mercados financeiros no exterior em meio a preocupações sobre a dinâmica do crescimento global.

Pesquisas eleitorais confirmando empate técnico na disputa presidencial também estavam no radar, e corroboravam o viés de baixa ao mostrar aumento na rejeição ao candidato do PSDB, Aécio Neves, revelado pelo Datafolha.

Às 11h09, o Ibovespa .BVSP recuava 2,61 por cento, a 54.672 pontos, com praticamente todas as ações da carteira teórica no vermelho. O volume financeiro do pregão somava 2,33 bilhões de reais.

A mudança na percepção sobre a força da economia mundial e a leitura de que bancos centrais podem não atuar de forma tão agressiva levaram muitos investidores a embolsarem lucros recentes e reduzirem suas posições em ativos mais arriscados.

Nesta sessão, o europeu FTSEurofirst 300 tocou a mínima de 13 meses e norte-americano S&P 500 .SPX cedia 0,9 por cento, mas há poucas semanas, o S&P 500 estava na máxima recorde, enquanto o europeu atingia a maior cotação em vários anos.

"Há um aumento da aversão a risco devido a uma menor expectativa de crescimento global", observa o gestor Joaquim Kokudai, Effectus Investimentos, que considera o movimento uma grande realização de lucros e um pouco exagerado.

O índice Vix de volatilidade .VIX, um termômetro do nervosismo dos mercados, apurava elevação de 8 por cento.

Ele destacou que a deterioração externa somou-se à tensão doméstica com o cenário eleitoral. "Trouxe um componente adicional e importante de volatilidade", ressaltou.

Na véspera, pesquisas Datafolha e Ibope mostraram estabilidade e empate técnico na disputa eleitoral, mas enquanto presidente Dilma Rousseff (PT) viu sua rejeição diminuir a do candidato tucano subiu. 

"A agressividade da campanha petista, com o objetivo de desconstruir a candidatura tucana vem surtindo efeito e a rejeição de Aécio Neves está muito próxima à Dilma Rousseff", diz o analista Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital Markets.

As ações da Petrobras PETR4.SA PETR3.SA, fortemente ligadas ao panorama eleitoral, apareciam entre as maiores perdas do índice, embora ainda acumulem ganho no mês de outubro.
As ações da Oi OIBR4.SA recuavam 5,2 por cento, após o conselho de administração da empresa de telecomunicações aprovar proposta de grupamento da totalidade de ações ONs e PNs da companhia, na razão de dez para uma.


MRV MRVE3.SA tinha queda de 0,7 por cento, após reportar que as vendas contratadas da companhia subiram 5,7 por cento no terceiro trimestre sobre um ano antes. Já os lançamentos da companhia cresceram 17,3 por cento na mesma base. Porém, a empresa apurou recuos em ambas as linhas na comparação com o segundo trimestre.

As ações de bancos seguiam a tendência e também recuavam, apesar da decisão do Banco Central de permitir que sejam incluídos também os empréstimos para capital de giro no cálculo para o recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo.

O dólar em alta BRBY ajudava as ações de Suzano SUZB5.SA e Fibria FIBR3.SA, que têm a receitas impactadas por exportações, a trabalhar no azul.

Fora do Ibovespa, os papéis da MMX Mineração e Metálicos MMXM3.SA despencavam 16,6 por cento depois que a MMX Sudeste Mineração dar entrada com pedido de recuperação judicial em caráter de urgência.