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Yellen diz que espera elevação de juro neste ano, mas cita fraqueza no trabalho

10/07/2015 14h12

CLEVELAND (Reuters) - A presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, disse nesta sexta-feira que espera que o banco central norte-americano eleve a taxa de juros em algum momento deste ano, mas indicou fortemente suas preocupações de que os mercados de trabalho dos Estados Unidos continuam fracos e que mais trabalhadores podem ser encorajados a voltar ao mercado com crescimento mais forte.

Em discurso alertando sobre o cenário dos trabalhadores e sobre alguns dos riscos internacionais que surgiram, Yellen não deu pistas diretas sobre se ela prevê mais de uma alta do juro durante as quatro reuniões remanescentes do Fed em 2015.

Ela disse esperar que a economia cresça de maneira estável pelo resto do ano, e que isso permitiria ao menos que o Fed avance com a primeira elevação da taxa de juros em quase uma década.

"Espero que seja apropriado em algum momento mais tarde neste ano dar o primeiro passo para elevar a taxa de juros e assim começar a normalizar a política monetária", disse Yellen em discurso ao City Club of Cleveland, um grupo cívico que patrocina palestrantes de alto escalão.

"Mas quero enfatizar que as trajetórias da economia e da inflação permanecem muito incertas ... vamos observar cuidadosamente para ver se há uma melhora contínua nas condições do mercado de trabalho, e precisaremos estar razoalvemente confiantes de que a inflação voltará a 2% nos próximos anos."

Apesar da melhora nos últimos anos, ela afirmou que os mercados de trabalho continuam desalinhados, com altos níveis de trabalho de meio período e taxas fracas de participação.

A baixa taxa de desemprego "não captura totalmente a extensão da ociosidade", disse ela. "Acredito que um número significativo de indivíduos ainda não estão procurando emprego pois percebem uma falta de boas oportunidades de emprego e que uma economia mais forte atrairia alguns deles de volta à força de trabalho".

As declarações de Yellen vêm menos de uma semana antes de ela comparecer perante o Congresso dos Estados Unidos para o depoimento bianual a parlamentares, e conforme o Fed se aproxima da provável decisão sobre elevação dos juros.

Esta é uma medida que terá implicações globais, colocando o Fed em trajetória separada dos bancos centrais da Europa e do Japão, que continuam combatendo crises econômicas, e que potencialmente irá tirar capital de economias em desenvolvimento.

Segundo as projeções econômicas individuais divulgadas por autoridades do Fed na reunião de junho, havia uma divisão quase empatada entre aqueles que esperam apenas uma elevação dos juros neste ano --e que assim podem estar preparados para aguardar mais tarde no ano para aumentar a taxa-- e entre aqueles que preveem duas altas e desejariam agir mais cedo. A posição de Yellen é incerta, e sua influência como chair provavelmente será crucial na decisão final.

Autoridades do Fed parecem ter montado o palco para a elevação inicial já em setembro. Porém, eventos recentes --o colapso do mercado de ações na China e a confusão na Grécia em particular -- levantaram novas preocupações sobre como a economia mundial pode afetar o crescimento dos EUA. Investidores agora acreditam que a primeira elevação não é provável até o ano que vem.

O Fed tem mantido a taxa de juros perto de zero por quase sete anos para sustentar uma economia que sofreu a pior crise desde a Grande Depressão. O crescimento estável e a criação de empregos agora colocaram a economia no que muitas autoridades do Fed acreditam ser quase o pleno emprego.

Embora provavelmente vá levar anos para que o Fed gradualmente retorne a taxa de juros para níveis mais normais, o passo inicial tem atraído atenção desproporcional como um símbolo de que o Fed está pronto para declarar que a crise acabou.

Yellen disse que sente que o passo inicial terá um impacto pequeno, e que o Fed elevará a taxa de juros apenas gradualmente a partir deste ponto.

Yellen afirmou que concorda que o início lento do ano provavelmente foi resultado de fatores temporários, como preços baixo de petróleo minando os investimentos no setor de energia dos EUA, e o dólar em alta aumentando o preço internacional de produtos e serviços dos EUA.

No entanto, ela disse também que a economia enfrenta obstáculos que podem segurá-la, desde o mercado imobiliário com desempenho ainda fraco à crise não resolvida na Grécia.

(Por Howard Schneider)