Usiminas amplia prejuízo no ano e faz baixa contábil por preço do minério
SÃO PAULO (Reuters) - A siderúrgica Usiminas ampliou no segundo trimestre em mais de três vezes o prejuízo dos três primeiros meses do ano, afetada pela crise do mercado de aço e por baixa contábil na unidade de mineração por conta de piora nas expectativas sobre preços futuros do minério de ferro.
A empresa teve prejuízo líquido de R$ 781 milhões no período de abril a junho, ante resultado positivo de R$ 129 milhões no mesmo período de 2014 e prejuízo de R$ 235 milhões no primeiro quarto deste ano.
A companhia reconheceu no balanço redução de R$ 985 milhões no valor de seus direitos minerários, sendo R$ 868 milhões na Mineração Usiminas e R$ 117 milhões na Usiminas.
"O valor em uso na unidade de mineração foi atualizado para refletir as melhores estimativas da administração sobre o preço futuro do minério, com base em projeções de mercado", disse a empresa. "Os preços projetados para o minério de ferro foram entre US$ 57 a tonelada e US$ 74", acrescentou a empresa.
Em seu relatório de resultados, a Usiminas citou a queda significativa dos preços do minério de ferro desde o início de 2015, devido à diminuição das expectativas em relação ao crescimento global, decorrente da menor atividade na China, aliado ao aumento da capacidade de produção da Austrália.
Os preços do minério de ferro acumulam queda de cerca de 30% desde o início do ano, indo de US$ 71,2 a tonelada no fim de 2014 para US$ 56,30 nesta quinta-feira, segundo o índice do mercado à vista na China.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Usiminas ficou negativo em R$ 755 milhões, ante resultado positivo de R$ 538 milhões no segundo trimestre do ano passado, também afetado pela baixa contábil. Em termos ajustados, o Ebitda foi de R$ 227 milhões no segundo trimestre, queda anual de quase 59%.
A receita líquida somou R$ 2,7 bilhões, queda de 13% ano contra ano, sendo que o mercado interno representou 76% do total, diante de uma participação de 88% um ano antes.
A receita foi afetada por uma forte queda de 17,2% do volume de vendas de minério de ferro, para 1,2 milhão de toneladas, e dos preços. "Embora tenha havido uma desvalorização cambial média de 7,1% no período, houve queda de 15,5% no preço PLATTS médio do minério de ferro", disse a empresa.
Também houve baixa do volume de vendas de aço, que somou 1,27 milhão de toneladas, queda de 12,4% na mesma base de comparação. Houve baixa de 23,2% no mercado interno, parcialmente compensada pela alta de 3,1% no preço médio de aço no mercado doméstico e aumento de 181,7% das exportações.
A margem Ebitda ficou negativa em 28,2%, ante indicador positivo de 17,3% na mesma etapa de 2014, enquanto a margem bruta ficou em 3,9% no período, forte queda frente aos 10,8% do segundo trimestre do ano passado.
A empresa, por outro lado, melhorou seu resultado financeiro principalmente em função da valorização do real frente ao dólar. O resultado financeiro ficou negativo em R$ 40,6 milhões no trimestre, diante de R$ 58,5 milhões negativos um ano antes.
A Usiminas terminou o trimestre passado com dívida líquida de R$ 4,7 bilhões e a relação dívida líquida sobre Ebitda aumentou para 3,7 vezes ante 1,7 vez no final de junho do ano passado. Diante o salto na alavancagem, a empresa afirmou que conseguiu no final de junho aceitação de credores para descumprir métricas de endividamento previamente acordadas.
(Por Luciana Bruno)
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