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Opinião

Sob Magda Chambriard, Petrobras retoma viés desenvolvimentista

O perfil da futura presidente da Petrobras, Magda Chambriard, é compatível com a visão do presidente Lula de que a petroleira tem que atuar como indutora do crescimento, ou seja, tenha um caráter desenvolvimentista.

Não dá para cravar, no entanto, que uma vez na cadeira, a executiva consiga a difícil tarefa de conciliar os interesses do acionista majoritário, a União, e dos minoritários, que miram o retorno financeiro na ponta do lápis (e não ganhos futuros ou investimentos que podem ser estratégicos para a União, mas não do ponto de vista do retorno financeiro).

Jean Paul Prates foi substituído porque ao assumir o comando da Petrobras desagradou a ala mais desenvolvimentista do governo, tomando decisões que eram consideradas mais pró-mercado. No início de abril, de forma reservada, o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, elencou pontos que desagradavam alas do governo e, em última instância, ao presidente Lula.

Os pontos de crítica a Prates sinalizam o que algumas alas do governo esperam do comando da Petrobras, além da questão dos dividendos:

Investir para a autossuficiência em refino (retomada de investimentos em refinarias).

Investir em fertilizantes e petroquímica.

Priorizar a conclusão de planta de fertilizantes em Três Lagoas/MS e a retomada de fertilizantes da planta da Ansa, no Paraná.

Alterar a política de reinjeção do gás (para evitar que preço do produto no Brasil se mantenha acima da média internacional, o que atrapalha o plano de reindustrialização e o funcionamento da planta da Unigel na Bahia).

Ter um plano consistente para a retomada da indústria naval e para investimentos em conteúdo local.

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Política para reduzir o custo do QAV (querosene de aviação).

Dentro do governo há a expectativa de que ela retome a refinaria Abreu e Lima e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e priorize os investimentos em gás e fertilizantes. A investidores, Magda Chambriard vinha defendendo investimentos em refino, desde que em projetos bem desenhados, na expansão da infraestrutura para o mercado de gás para que a Petrobras possa competir no mercado aberto, além de sinalizar a importância da exploração de petróleo nas novas fronteiras: a Foz do Amazonas e a Bacia de Pelotas.

A executiva também defende a redução de custos em projetos. Seguindo esse ponto, de que é possível optar pelos projetos levando em conta eficiência e custo, ela aposta na geração de energia elétrica em terra (onshore), em posição contrária ao que o seu antecessor defendia: a expansão da energia eólica em alto-mar.

Projetos em curso

Depois do episódio dos dividendos, Jean Paul Prates vinha tentando promover uma mudança de curso e na semana passada em Houston, nos Estados Unidos, houve debates sobre o projeto de retomada da indústria naval e sobre a viabilidade de ampliar a rede de gasodutos (especialmente para trazer o gás argentino de Vaca Muerta).

Riscos

Adotar um viés desenvolvimentista carrega riscos, como de investir em projetos que podem ser importantes para o governo, mas não tenham viabilidade econômica financeira.

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Há ainda o risco de conflito de interesses em diversos temas como distribuição de dividendos, política de preços dos combustíveis e planos de investimento.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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