Eleição nos EUA pressiona por revisão de gastos mais robusta no Brasil
Até que se saiba quem será o presidente eleito dos Estados Unidos, a equipe econômica do governo Lula seguirá pressionada a entregar um pacote robusto de revisão de gastos. A depender do resultado, que deve ser conhecido a partir do meio da próxima semana, a pressão pode ser ainda maior.
O que acontece em caso de vitória de Trump
Em caso de vitória de Donald Trump na próxima semana, o dólar deve se valorizar no mundo. Dólar mais caro no Brasil pressiona a inflação (itens importados mais caros), que por sua vez pressiona o Banco Central a elevar os juros. Juros altos inibem o crédito e freiam o crescimento da economia real (financiamento de carro, casa e outros bens como celulares).
O freio na economia real pressiona mais a equipe econômica a cortar mais gastos. Quanto melhores estiverem as contas do país, menores são os juros dos títulos da dívida do governo, o que impacta na taxa básica de juros da economia (influenciando os juros pagos pelos consumidores em qualquer compra parcelada).
Com a vitória de Trump no radar, o mercado espera que o pacote de revisão de gastos do governo fique próximo de R$ 50 bilhões, um valor alto que requer cortes estruturais, além dos R$ 25,9 bilhões do pente-fino para o ano que vem.
O que acontece em caso de vitória de Kamala
Caso Kamala Harris seja vencedora, por ser um governo de continuidade, menos protecionista, mais aberto à imigração, a tendência é de uma elevação menor do dólar, com menos pressão inflacionária no Brasil. Neste caso, a pressão por medidas robustas de revisão de gastos diminui, o que não significa que isso irá alterar o tamanho do pacote, apenas a reação do mercado a ele.
Data esperada de anúncio do pacote
A eleição americana acontece na terça-feira, 5 de novembro, e o resultado pode demorar alguns dias para ser conhecido. Na quarta-feira (6), o Banco Central brasileiro anunciará a nova taxa básica de juros, e deve seguir o ciclo de alta.
O pacote de revisão de gastos ainda está sendo finalizado pelo governo. Na próxima semana, entre 3 e 9 de novembro, o ministro Fernando Haddad estará na Europa e o Congresso Nacional sediará o P20 (o G20 no parlamento). O anúncio do pacote deve ocorrer na semana do dia 11 de novembro, com Haddad de volta ao Brasil e o Congresso com sessões presenciais.
As medidas que estão em estudo e impactos
Entre as possibilidades que estão no cardápio do governo estão, ainda sem martelo batido e além do pente-fino de benefícios em curso:
- BPC e seguro-desemprego reajustados apenas pela inflação
- Ajustes para concessão de BPC
- Redução do abono-salarial
- Alterações no seguro-desemprego
- Fim dos supersalários dos servidores
- Redução emendas de comissão
- Fundeb dentro do piso constitucional da Educação
- Pisos da Saúde e da Educação reajustados pela regra de crescimento de despesa do arcabouço fiscal
- Reforma da previdência dos militares
Somados, os impactos de todas as medidas passam de R$ 100 bilhões, mas mexer em tudo está fora de cogitação. O governo irá fazer escolhas de onde cortar e a tendência é que envie uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) ao Congresso.
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