Empresas de fora do setor elétrico protagonizam disputas em leilão esvaziado
SÃO PAULO, 13 Abr (Reuters) - O leilão de linhas de transmissão promovido pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) terminou nesta quarta-feira (13) com a concessão de menos de 60% (14 de 24 lotes) dos projetos oferecidos, com boa parte dos lotes sendo arrematados sem desvalorização e as principais disputas protagonizadas por empresas de fora do setor elétrico.
Fundos de investimento e grupos de engenharia e infraestrutura, como o Pátria Investimentos e a WPR Participações, do Grupo WTorre, destacaram-se em boa parte das disputas, em um leilão também marcado por vários lotes vazios (sem proposta).
Alguns dos vencedores representam uma ampla gama de empresas que tradicionalmente não entravam nesses leilões como investidoras, como grupos de engenharia e fundos de investimento, atraídos para a disputa após a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ter elevado as taxas de retorno dos projetos de transmissão, atendendo a pleito do Tribunal de Contas da União (TCU), que queria evitar um leilão ainda mais esvaziado.
Recessão e crise política
Dos 24 lotes de empreendimentos ofertados, que demandariam cerca de R$ 12,2 bilhões em investimentos, apenas 14 foram arrematados, ou 58% do total.
Entre os vencedores do leilão também figuraram empresas de energia, como a State Grid e a Alupar, com dois lotes arrematados cada, enquanto a Taesa, controlada pela Cemig e pelo fundo Coliseu, levou um projeto.
O resultado com diversos empreendimentos sem propostas já era esperado devido à recessão e à crise política, aliadas a um receio maior dos investidores quanto ao setor de transmissão, que no ano passado já havia registrado dois leilões em que mais da metade dos lotes não teve oferta.
Nesse cenário já sem grandes expectativas, a forte disputa entre empresas por alguns lotes surpreendeu, enquanto outros sete empreendimentos foram arrematados sem deságio --quando há disputa, o consumidor tende a ser beneficiado com tarifas mais baixas no futuro.
Entre as empresas de fora do setor, destacaram-se a WPR Participações, que é voltada a infraestrutura e faz parte do Grupo WTorre, com dois lotes.
Também levaram projetos a Zopone Engenharia, a F3C Empreendimentos, o grupo Transmissão do Brasil, do Pátria Investimentos, e os consórcios Brasferpower, KV-LT, MPE-KV e Geogroup cujas composições não foram divulgadas.
Lotes
O Pátria ficou com o maior empreendimento do leilão, o A, e receberá R$ 404,9 milhões por ano para construir e operar linhas em Piauí, Ceará e Maranhão.
A State Grid arrematou o segundo maior, o C, com receita anual de R$ 334,56 milhões para projetos em Mato Grosso, e um lote menor, O, com receita de R$ 58,2 milhões.
A Alupar ganhou a disputa pelos lotes I e T, com receitas de R$ 48,5 milhões por ano e R$ 28,1 milhões por ano, respectivamente, enquanto a Taesa ficou com o lote P, com receita de R$ 56 milhões anuais, sem deságio.
A WPR Participações levou os lotes E e M, com receitas anuais de R$ 121,6 milhões e R$ 59,6 milhões, respectivamente, com deságios elevados, de 14% e 15%.
O consórcio KV-LT levou o lote F, com receita de R$ 145,2 milhões por ano, e o consórcio MPE-KV ficou com os empreendimentos do lote W, com receita anual de R$ 8,7 milhões.
A F3CE Empreendimentos arrematou o lote L, com receita de R$ 17,3 milhões, enquanto o consórcio Brasferpower levou o Q, com R$ 40 milhões anuais, e o consórcio Geogroup ficou com o lote X, por receita anual de R$ 8,5 milhões.
(Por Luciano Costa; edição de Roberto Samora)
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