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Cyrela vai investir até R$100 mi na Tecnisa e pode ter 19% na concorrente

Alberto Alerigi Jr. e Juliana Schincariol

24/06/2016 19h37

A construtora e incorporadora Cyrela acertou um acordo para investir entre R$ 73 milhões e R$ 100 milhões na Tecnisa, o que pode lhe garantir uma fatia de até 19% na concorrente caso a operação atinja o valor máximo.

A operação vai envolver um aumento de capital de até R$ 200 milhões pela Tecnisa, no qual a Cyrela e os acionistas da Tecnisa Meyer Joseph Nigri e JAR Participações vão investir pelo menos R$ 124,7 milhões na Tecnisa. O preço de emissão das ações será de R$ 2.

Segundo dados da BM&FBovespa, a Tecnisa tinha no final de maio 64,75 milhões de ações em circulação no mercado. Meyer Joseph Nigri aparecia com 11,26% das ações ordinárias e a JAR com 46,11%.

Com a operação, a fatia de Meyer pode passar a 49%, segundo o Nigri, que também é presidente-executivo da Tecnisa.

O valor acertado na operação representa um deságio de 17% sobre o preço de fechamento da ação da Tecnisa na véspera, de R$ 2,41.

Segundo as companhias, a fixação do preço de emissão das novas ações da Tecnisa se deu com base na média da cotação de fechamento dos papéis a ponderada pelo volume de ações negociadas nos últimos 30 pregões anteriores.

As ações da Cyrela fecharam esta sexta-feira em queda de 7,72%, enquanto a Tecnisa caiu 2,07%.

"A administração da Tecnisa entendeu que o uso do critério do valor de mercado das ações (...) com a aplicação de deságio entre 5% e 25%, é o mais adequado para incentivar a subscrição do aumento de capital e maximizar a captação de recursos pela Tecnisa", afirmaram as empresas em comunicado.

A Tecnisa fechou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 2,4 milhões ante lucro um ano antes de R$ 30 milhões. O endividamento líquido encerrou março em R$ 1,1 bilhão, queda de 43,5% sobre março do ano passado.

A posição de caixa era de R$ 188 milhões, recuo de 24% sobre o trimestre anterior.

"Nós fizemos quase 5.000 distratos nos últimos três anos. A crise nem foi o principal problema, mas a gente estava começando a ficar com o caixa comprometido", disse Meyer.

Com a entrada da Cyrela - operação que a Tecnisa considerou mais conversadora do que uma emissão de debêntures, por exemplo -, ainda não foram acertados quais os próximos passos do lado operacional. No entanto, de acordo com Meyer, o endividamento corporativo ficará próximo de zero.

Pílula de veneno

Atualmente, o estatuto da Tecnisa tem uma cláusula de proteção a oferta hostil (poison pill), que impede que qualquer investidor de deter uma fatia acima de 20% na companhia. A medida foi estabelecida na época da abertura de capital e realização do IPO em 2007.

Meyer afirmou que não há tratativas para retirar a cláusula, mas ele pessoalmente é a favor de uma mudança.

"Naquele momento não tínhamos experiência de mercado de capitais; foi recomendação dos advogados para evitar uma oferta hostil. Passados quase 10 anos, mais atrapalha do que ajuda. Se amanhã a Tecnisa quiser vender participação relevante, a gente fica limitado", afirmou.