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Eletrobras negocia com Petrobras nova dívida por combustíveis, de R$ 5,4 bi

Rodrigo Viga Gaier

24/08/2016 10h48

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Eletrobras abriu negociações com a Petrobras para tentar uma acordo sobre uma dívida de mais de R$ 5 bilhões de distribuidoras de energia do grupo junto à petroleira, acumulada pela falta de pagamento no fornecimento de combustível para geração no Norte e Nordeste do país.

O presidente da elétrica estatal, Wilson Ferreira Jr., disse em encontro com acionistas nesta terça-feira que essa dívida é adicional a um débito anterior, de R$ 8,5 bilhões, que já havia sido negociado entre as partes e vem sendo pago em parcelas pela companhia.

Segundo Ferreira, a negociação de agora trata de um montante de aproximadamente R$ 5,4 bilhões, dos quais boa parte relativa a distribuidoras da Eletrobras que atendem os Estados de Amazonas e Roraima.

"Nós começamos a tratar na semana passada... começamos a avaliar as alternativas para que a gente possa obviamente quitar essa dívida", disse Ferreira a jornalistas.

"Ter um equacionamento de tempo que permita às empresas pagarem. Que tenham garantias associadas a esse eventual financiamento, que possam permitir à Petrobras utilizar esse crédito potencial como algo que possa fazer sentido no fluxo de caixa dela", explicou.

Em paralelo, a Eletrobras aguarda uma definição da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre valores que as distribuidoras da Eletrobras poderão receber através de fundos setoriais ou do Tesouro para bancar o custo do combustível utilizado para gerar energia em regiões isoladas do país, em repasses autorizados pela Medida Provisória 735/2016, atualmente em tramitação no Congresso.

O diretor financeiro da Eletrobras, Armando Casado, disse que os R$ 8,5 bilhões em dívidas anteriores já renegociadas junto à Petrobras estão sendo pagos em dia. "Vem sendo cumprido rigorosamente isso."

Venda por região

Os executivos da Eletrobras comentaram, ainda, que a estatal estuda agrupar suas distribuidoras por região atendida para facilitar a venda dos ativos, que a companhia já decidiu que serão oferecidos ao mercado até o final de 2017.

O presidente da Eletrobras entende que a venda agrupada por empresas do Norte e Nordeste, por exemplo, poderia dar mais potencial ao negócio e atrair mais interessados.

"Existem algumas (distribuidoras) que estão uma do lado da outra, que pela lógica de escala de mercado, essa pode ser, sim, uma alternativa. Certamente é uma das alternativas que estamos considerando... Parece ser muito viável. Esse é um negócio de escala", afirmou Ferreira.

Segundo ele, o assunto será discutido e empresas potencialmente interessadas deverão ser consultadas antes que a estatal decida o modelo de privatização das distribuidoras.

A ideia de agrupar as empresas já havia sido cogitada anteriormente pelo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa.

Na semana passada, o governo cancelou o leilão da primeira distribuidora da Eletrobras na fila para ser vendida, a Celg-D, de Goiás.

Mas a Eletrobras se empenha para retomar o leilão ainda neste ano, segundo Ferreira.

"O mercado colocou um conjunto de questões em relação ao preço da Celg que será objeto dessa reavaliação que será feita... A Celg é uma empresa preparada e operacional", disse.