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Vendas de distribuidores de aços planos do Brasil têm pior fevereiro desde 2008, diz Inda

21/03/2017 13h10

SÃO PAULO (Reuters) - As vendas de aços planos por distribuidores do Brasil em fevereiro caíram 11,3 por cento sobre o mesmo período do ano passado, para 215,5 mil toneladas, informou nesta terça-feira a associação que representa o setor, Inda.

Segundo o presidente do Inda, Carlos Loureiro, o resultado para o mês é o pior desde 2008, desempenho sentido também pelos estoques, que atingiram nível equivalente a 4,3 meses de vendas, ou 918,3 mil toneladas. Em janeiro, as vendas já tinham sido as mais fracas desde 2009.

"Todo mundo sentiu muita dificuldade de venda, muita dificuldade de repassar os aumentos de preços das usinas", afirmou Loureiro a jornalistas em referências a reajustes de preços realizados pelas siderúrgicas no final de 2016.

Ele afirmou que a diferença de preços entre o mercado interno e externo no segmento de laminados a quente está em 15 a 16 por cento enquanto em laminados a frio está em 20 a 25 por cento. Estes prêmios, que têm avançado diante da valorização do real contra o dólar, pode acabar sendo revisto nos próximos meses, conforme preços internacionais do aço sofrem pressão de queda decorrente de baixa nos preços de insumos como minério de ferro, disse Loureiro.

"O spread (diferença entre preços do aço e de insumos) está num nível muito alto. Se tiver um movimento de queda de preço do minério de ferro, definitivamente vai direto para o preço internacional do aço", afirmou o presidente do Inda. Esse movimento poderá pressionar usinas siderúrgicas brasileiras a reverem parte dos reajustes aplicados anteriormente, como forma de defesa de mercado ante material importado.

Segundo os dados do Inda, as importações de aços planos do Brasil dispararam 237 por cento sobre o mesmo período do ano passado, para cerca de 184 mil toneladas. Com isso, a participação dos importados no consumo aparente brasileiro de aço plano correspondeu a 13 por cento nos dois primeiros meses do ano ante nível de 4,6 por cento no mesmo período de 2016.

"Se o prêmio crescer mais, as usinas vão ter de mexer de novo no preço", disse Loureiro.

O presidente do Inda afirmou que a entidade vai esperar até maio para avaliar a necessidade de rever sua projeção de crescimento de 5 por cento nas vendas em 2017, após queda de 4 por cento em 2016, a 3,039 milhões de toneladas.

Para março, a expectativa da entidade é de crescimento de 25 por cento nas vendas sobre fevereiro, em um movimento apoiado em parte por efeitos sazonais. O estoque, com isso, pode avançar 1 por cento, a 926,6 mil toneladas.

(Por Alberto Alerigi Jr.)