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Cemig tem aval de acionistas para descumprir meta para dívida; BNDES cobra venda de ativos

30/03/2017 16h23

SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica mineira Cemig obteve autorização de seus acionistas em assembleia realizada nesta quinta-feira para ultrapassar metas de alavancagem neste ano, segundo ata do encontro divulgada pela companhia ao mercado.

A estatal pediu aval aos acionistas para alcançar em 2017 uma dívida de até 4,44 vezes a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), ante uma meta aprovada de 4,12 vezes para o ano passado e uma meta estatutária de 2 vezes.

A dívida líquida da Cemig alcançou 13,6 bilhões de reais no terceiro trimestre do ano passado, e a diretoria da companhia tem falado em vender ativos para reduzir a enorme alavancagem.

Mas a ata da assembleia mostra que o representante do fundo de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar) na companhia votou contra parte das novas metas financeiras propostas pela Cemig, embora tenha aprovado o novo índice de alavancagem, e pediu que a companhia cumpra os desinvestimentos previstos.

O BNDESPar, que tem uma fatia de 6,4 por cento na elétrica, foi contrário ao aumento nos recursos que a Cemig poderá destinar a investimentos e aquisições em 2017, mas foi voto vencido.

A Cemig conseguiu aval da maioria dos acionistas para gastos de até 192 por cento do Ebitda com essas destinações, ante 146 por cento no ano passado e 40 por cento previstos em estatuto.

Segundo a ata, o representante do BNDES disse que a Cemig "deverá seguir o caminho de aumento da eficiência e alienação de ativos para redução da alavancagem de modo a retornar para os patamares limites previstos estatutariamente".

O BNDESPar também pediu que a Cemig evite "submeter matérias à deliberação dos acionistas antes de todas deliberações a elas relativas no Conselho de Administração".

A Cemig tem como principal acionista o governo mineiro, que tem cerca de 17,5 por cento das ações, e ainda a Andrade Gutierrez Energia, com 6,7 por cento.

(Por Luciano Costa)