Chilena Copec apresenta proposta pela Eldorado Brasil, diz fonte
Por Guillermo Parra-Bernal
SÃO PAULO (Reuters) - A Arauco, unidade do grupo chileno Copec, apresentou uma proposta pela Eldorado Celulose, controlada pela J&F Investimentos, disse nesta sexta-feira uma pessoa com envolvimento direto no acordo.
Conforme a fonte, que pediu para não ser identificada porque os termos do acordo ainda são confidenciais, a Eldorado Brasil também é alvo de interesse da Suzano Papel e Celulose e da Fibria, que estariam atraídas pela significativa redução de custos decorrente da aquisição.
Atualmente, a família Batista controla 81 por cento da Eldorado por meio da holding J&F Investimentos, com o restante da empresa pertencendo a dois fundos de pensão. A Eldorado é um dos principais ativos da J&F colocados à venda, depois que os irmãos Joesley e Wesley Batista se envolveram em escândalo de corrupção.
Um prazo para apresentação de ofertas não estava claro, disse a fonte, embora a Arauco tenha feito no início desta semana uma proposta à família Batista pela sua participação na Eldorado. A fonte acrescentou que negociações exclusivas poderiam começar no fim de semana.
Copec, Fibria e J&F não quiseram comentar. Suzano não tinha um comentário imediato.
A dívida da Eldorado beira 8 bilhões de reais atualmente e credores da companhia estão pressionando a venda, afirmaram fontes à Reuters no mês passado.
A aquisição da Eldorado permitiria à Copec expandir as operações no Brasil, onde legisladores discutem facilitar a venda de terras a estrangeiros. Para produtores globais de celulose, a compra de terras no Brasil oferece vantagens estratégicas, dado que a produtividade do solo é maior que em lugares como Escandinávia e Chile.
Os papéis da chilena Copec perdiam 0,3 por cento, após avançarem mais de 2 por cento desde que o jornal Valor Econômico noticiar no começo da semana que a Arauco planejava fazer uma oferta pela Eldorado.
As ações da Fibria caíam 1 por cento, enquanto as da Suzano subiam 2 por cento na bolsa brasileira às 12:55 .
Nesta sexta-feira, o jornal reportou, citando uma fonte familiarizada com as negociações, que a oferta não vinculante da Copec avaliava a Eldorado em 11 bilhões de reais.
CONVERSAS EXCLUSIVAS
A estrutura de propriedade familiar das empresas brasileiras de papel e celulose por anos manteve-se no caminho de uma onda de consolidação no setor, já que donos resistiam em compartilhar o controle das companhias.
Apenas sete acordos de fusões e aquisições em papel e celulose foram registrados no Brasil desde o início do ano passado, ante 54 nos Estados Unidos, 11 na Suécia e 11 na Indonésia, segundo dados da Thomson Reuters.
Uma decisão sobre qual empresa terá negociações exclusivas com a família Batista pela sua fatia na Eldorado está perto de ser tomada, disse a fonte. A negociação do acordo pode demorar, contudo, porque um comprador "não deve poupar a Eldorado de um processo de due diligence bem rigoroso", acrescentou.
De acordo com o Ministério Público Federal, em conversa gravada por um dos irmãos Batista, o presidente Michel Temer teria dado aval à compra do silêncio de uma testemunha potencial em um escândalo de corrupção. A defesa do presidente nega.
No início do mês, o governo ordenou que a Caixa interrompesse o financiamento à família Batista, conforme noticiado pela Reuters em 7 de junho, citando fontes familiarizadas com a decisão. Uma delas descreveu a medida como "retaliação".
Incertezas em torno do acordo de leniência comprometeram o interesse da Suzano na Eldorado, reportou o Valor Econômico nesta sexta-feira.
Sem revelar como obteve a informação, o jornal informou também que a Fibria poderia apresentar proposta pela Eldorado ainda nesta sexta-feira.
Os bancos de investimento do Itaú Unibanco e do Bradesco estão assessorando a Suzano na negociação, conforme o Valor. Morgan Stanley é o assessor da Fibria, disse a fonte.
Já a Arauco conta com o Banco Santander Brasil e os escritórios de advocacia Thatcher & Bartlett LLP e Mattos Filho Advogados.
Os bancos não comentaram imediatamente a notícia.
No início desta semana, o Valor informou que a Fibria parecia o candidato menos provável porque seu acionista, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), não aprovaria o acordo que poderia fortalecer a família Batista.
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