Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

ENTREVISTA-Dresser-Rand mira novos contratos de óleo e gás para sua fábrica no Brasil

29/06/2017 16h26

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Dresser-Rand, fabricante de equipamentos do Grupo Siemens, aposta na retomada do setor de petróleo e gás no Brasil e está em busca de novos contratos para sua fábrica brasileira, após concluir a entrega de um de seus maiores projetos para a Petrobras, no início deste ano.

Apesar da recente flexibilização das regras de conteúdo local, que ampliou mercado a empresas fornecedoras sem unidades no país, a companhia está confiante no conhecimento adquirido e participa atualmente de concorrências para fornecer equipamentos para as plataformas das áreas de Libra e Sépia, na Bacia de Santos, além de aguardar novas oportunidades.

Em entrevista à Reuters, o diretor global de localização da empresa Christian Schöck destacou que sua fábrica construída ainda no embalo das descobertas do pré-sal, em Santa Bárbara d’Oeste (SP), terá sua capacidade de produção mantida para atender futuros contratos, na contramão de outras companhias que acabaram fechando as portas.

"A Dresser-Rand Siemens tem feito cotações e propostas para empresas que vão fazer o fornecimento (de plataformas) para a Petrobras... a gente está apresentando as propostas inclusive com conteúdo local para tentar alavancar esse potencial", afirmou Schöck, em uma entrevista por telefone.

A empresa construiu a fábrica em uma área de aproximadamente 42 mil metros quadrados para atender a um contrato fechado com a Petrobras em 2011, de 723 milhões de dólares à época, para fornecer 80 equipamentos de compressão de gás para oito plataformas, e também com a crença no futuro do setor.

"Na época que esse projeto foi contratado estava tendo aquele boom do mercado de óleo e gás e foi ainda mais fortificado pela política de conteúdo local que estava sendo implementada... com a descoberta da camada do pré-sal e tudo isso a indústria parecia que iria se desenvolver muito rápido... e a gente apostou nisso", afirmou Schöck.

No entanto, com a queda acentuada dos preços globais do barril de petróleo, somada à crise instalada no setor petrolífero brasileiro em meio à deflagração da operação Lava Jato, o desenvolvimento da indústria não ocorreu na velocidade que as empresas no Brasil desejavam.

O próprio contrato da Dresser-Rand com a Petrobras sofreu alguns entraves, como o atraso da construção de plataformas que iriam receber os equipamentos.

Parte das plataformas inclusive precisaram ser enviadas para a construção no exterior e, questionado, Schöck explicou que Dresser e Petrobras precisaram fazer ajustes no contrato.

DE OLHO NO FUTURO

Recentemente, a fábrica fechou um novo acordo com a Petrobras para o armazenamento e a preservação de 20 unidades de compressão, para duas plataformas, já prontas e aguardando para serem instaladas. "Estamos falando de mais de 450 caixas de diferentes volumes e tamanhos por plataforma", disse Schöck.

O contrato foi necessário justamente devido ao atraso na construção de plataformas próprias da Petrobras.

Além disso, a Dresser-Rand atua na unidade de São Paulo em sinergia com a Siemens em projetos para fabricação, armazenamento e outras atividades produtivas relacionadas a turbinas a vapor e turbogeradores. Também tem um acordo em andamento para a construção de turbinas a gás para a geração de energia elétrica, sobre o qual ainda não pode dar muitos detalhes.

Mas a ausência de novos grandes contratos como o fechado no passado com a Petrobras não intimida a companhia, que acredita no potencial do Brasil. Segundo Schöck, o investimento feito em construção, treinamento, contratações e no desenvolvimento de fornecedores no país tem caráter de longo prazo.

"Essa capacidade (da fábrica paulista) foi instalada no Brasil e a gente atingiu níveis de produtividade e de custo comparados com operações fora do Brasil... Hoje a Siemens e a Dresser-Rand não dependem mais de estrangeiros para fazer nenhum dos trabalhos de instalação, manutenção...", afirmou o executivo.

Para Schöck, as recentes mudanças nas regras de conteúdo local tiveram pontos positivos, como a maior clareza para o cálculo e o que pode ser contabilizado. Entretanto, o executivo acredita que as regras deveriam ter sido mais detalhadas em setores e tipos de equipamentos.