IPCA cai mais que o esperado em junho e tem 1ª deflação mensal em 11 anos
Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A inflação oficial brasileira registrou em junho a primeira deflação mensal em 11 anos e no menor nível em quase 20 anos, devido à queda nos preços de alimentação, habitação e transporte, favorecendo ainda mais o processo de queda de juros.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu 0,23 por cento no mês passado, primeira variação negativa desde junho de 2006 (-0,21 por cento), informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
Também foi o menor nível desde agosto de 1998 (-0,51 por cento), com a queda de junho maior do que esperado em pesquisa da Reuters (-0,17 por cento) com analistas, após ter subido 0,31 por cento em maio.
Nos 12 meses até junho, a alta do IPCA desacelerou a 3 por cento, sobre 3,60 por cento em maio, chegando ao limite inferior da meta oficial de 4,5 por cento, com tolerância de 1,5 ponto percentual neste ano e em 2018.
As principais influência em junho foram exercidas pelos preços de alimentos, habitação e transporte, que juntos respondem por cerca de 60 por cento das despesas das famílias.
Segundo o IBGE, os preços do grupo Alimentação e Bebida recuaram 0,50 por cento em junho, sobre deflação de 0,35 por cento no mês anterior, pressionado principalmente por alimentos para consumo em casa.
A deflação mais forte no mês passado veio do grupo Habitação, de 0,77 por cento, sob a influência do recuo de 5,52 por cento das contas de energia elétrica.
Já os preços de Transportes caíram 0,52 por cento em junho, principalmente porque os combustíveis recuaram 2,84 por cento. A Petrobras vem reajustando constantemente o preço médio da gasolina e do diesel nas refinarias.
Por outro lado, os preços de serviços aceleraram a alta a 0,43 por cento em junho, sobre 0,05 por cento em maio.
DIFUSÃO
O índice de difusão também mostra cenário benigno para a inflação, tendo caído ao menor nível para junho na série histórica iniciada em 2000, a 0,47 por cento, nas contas do estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, mostrando que a alta dos preços está restrita a um grupo cada vez menor de produtos.
Ainda que a economia brasileira dê algum sinal de recuperação, a inflação no país vem em trajetória de queda, dando espaço para o BC continuar reduzindo a taxa básica de juros Selic. Entretanto, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, já havia adiantado que o resultado de junho do IPCA por si só seria pontual e não teria implicação relevante para a condução da política monetária.[nL1N1J60I4]
O BC já cortou a Selic a 10,25 por cento e a expectativa, pelo menos por enquanto, é de que reduza a taxa a 9,50 por cento na reunião deste mês, levando-a a 8,5 por cento no final do ano de acordo com a pesquisa Focus.[nL1N1JU0EM]
"Sem dúvida estamos com dinâmica bastante benigna da inflação, o que deve levar o BC a manter o ritmo de cortes. Aquela sinalização que o BC deu de reduzir o corte dos juros não deve se realizar, deve voltar atrás", afirmou Rostagno, para quem a taxa básica de juros encerrará o ano a 8,5 por cento, mas essa previsão tem viés de baixa.
Nesta sessão, os DIs passaram a precificar chances majoritárias de o BC manter o passo neste mês e reduzir a Selic em 1 ponto percentual. Atualmente, a taxa está em 10,25 por cento ao ano, depois de dois cortes de 0,25 ponto, dois de 0,75 ponto e dois de 1 ponto. [nL1N1JY0KQ]
Como esforço para mostrar a continuidade da política econômica mais austera, em meio à intensa crise política, o governo fixou para 2019 o centro da meta de inflação a 4,25 por cento pelo IPCA e, para 2020, a 4 por cento, nos dois casos com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.[nL1N1JQ0OC]
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