Indiana Adani avalia disputar próximo leilão de linhas de transmissão de energia
Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O grupo indiano Adani, que atua em energia e infraestrutura, tem estudado participar do próximo leilão em que o governo brasileiro oferecerá concessões para a construção e operação de novas linhas de transmissão de eletricidade, disse à Reuters um executivo que apoia a empresa em suas avaliações.
Executivos da Adani Transmission participaram de reuniões no Brasil neste mês e agora avaliam as perspectivas de negócio para a licitação, que deve ser realizada no segundo semestre e envolver empreendimentos que demandarão mais de 4 bilhões de reais em investimentos.
"Eles estão avaliando o mercado no Brasil para decidir se vão participar dos próximos leilões... a decisão deles vai ser já para esse próximo leilão, que deve acontecer no final do ano", disse à Reuters o diretor geral da SAE Towers, Geraldo Wagner Vieira.
A SAE Towers, que fornece torres para linhas de eletricidade, foi adquirida em 2010 pelo grupo indiano KEC International Limited, e a companhia tem apoiado algumas empresas da Índia na sondagem do mercado brasileiro.
A Adani possui ativos de geração de energia na Índia, onde atua também com a construção e operação de linhas de transmissão e com negócios em infraestrutura e logística.
"Eles tiveram uma reunião na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e visitaram várias empresas. Tiveram reuniões também no Ministério de Minas e Energia e com outras empresas do setor", disse Vieira.
No último leilão de linhas de transmissão de energia, em abril, o grupo indiano Sterlite Power arrematou dois lotes de concessões e surpreendeu pela agressividade, ao apresentar o lance com maior desconto em relação à receita máxima-- um deságio de 59 por cento.
A vitória da Sterlite na disputa marcou a estreia de empresas indianas no setor de transmissão do Brasil, que tem atraído o interesse de investidores internacionais desde meados do ano passado.
"Transmissão de energia é um setor que seque aquecido, e está atraindo muito o olhar de empresas estrangeiras. A gente já viu novos asiáticos entrando no último leilão e estamos vendo também muito interesse de fundos de investimento", disse à Reuters o sócio especialista em energia do Pinheiro Neto Advogados, José Roberto Oliva Junior.
Ele afirmou que o interesse cresceu principalmente depois de o governo ter elevado a taxa de retorno oferecida nos investimentos em transmissão e após ajustes nos contratos dos leilões que reduziram o risco atribuído pelas empresas ao licenciamento ambiental dos projetos.
No leilão de concessões de transmissão realizado em abril, o governo selou contratos para a construção de 31 novos empreendimentos, que devem exigir investimentos totais de quase 13 bilhões de reais.
Procurados, o grupo Adani e seus executivos não responderam imediatamente a um pedido de comentário.
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