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Pesquisa: Governo ainda precisa tomar mais medidas para cumprir metas fiscais

Bruno Federowski

16/08/2017 18h32

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil precisará aumentar impostos e vender ativos para garantir o cumprimento das metas fiscais mesmo após relaxá-las, mostrou pesquisa da Reuters nesta quarta-feira (16), ilustrando as dificuldades do governo para se manter comprometido com austeridade.

Dezenove de 22 economistas esperam que o governo anuncie novas medidas fiscais até o fim do ano, após um pacote de corte de custos apresentado na véspera como parte da revisão das metas.

"Embora as medidas anunciadas ontem apontem na direção correta, são claramente insuficientes", disse o economista da gestora Truxt Investments André Duarte.

Na terça-feira (15), o governo revisou seus objetivos para mirar em deficits primários maiores em todos os anos até 2020, abrindo o caminho para um período de sete anos consecutivos de rombos iniciado em 2014.

A recuperação econômica mais lenta que a esperada pressionou a arrecadação aquém das previsões do governo, forçando-o a repetidamente cortar gastos. O impopular presidente Michel Temer também tem tido embates com parlamentares, que em sua maioria se recusam a apoiar novos aumentos de impostos, de olho nas eleições de 2018.

É uma grande preocupação para investidores que gostariam de ver sinal claro de austeridade. A maior parte das medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e pelo ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, na véspera depende de aprovação parlamentar.

Aumento de impostos

Apenas dois economistas acreditam que o governo vai mexer em impostos que exigem aprovação do Congresso, como o Imposto de Renda. Em vez disso, 15 esperam que ele contorne os parlamentares e foque em impostos menos relevantes.

Dez disseram que o governo anunciará novas privatizações e concessões, dando continuidade a esforços para elevar receitas extraordinárias e reforçar o investimento em infraestrutura. Seis esperavam novos cortes de gastos.

"A equipe econômica sabe que você tem de fazer um ajuste pelo lado do gasto, complementando pelo lado da receita. Mas esse ajuste passa pelo Congresso, e tem de se levar em conta o que vai ser aprovado e o que não vai ser aprovado", disse o economista do Itaú Pedro Schneider.

O Itaú é quem mais acerta as projeções de resultado primário nas pesquisas da Reuters.

Esses esforços devem render, com 16 economistas apostando que o governo vai cumprir as metas fiscais de 2017 e 2018, de rombo primário de R$ 159 bilhões.

Isso deve ajudar o país a evitar rebaixamento de seu rating soberano, disseram 16 dos economistas. O país perdeu seu grau de investimento em 2015, após a ex-presidente Dilma Rousseff repetidamente descumprir metas fiscais.

Na véspera, a Standard & Poor's reafirmou a nota "BB" do Brasil, afastando a perspectiva de rebaixamento no curto prazo. Nesta tarde, a Moody's informou que a revisão da meta de deficit primário para este ano não deve trazer impacto para a avaliação de rating do Brasil.

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