Dólar sobe ante real com cautela sobre andamento de reformas
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava em alta ante o real nesta quinta-feira, acompanhando a trajetória da moeda norte-americana no exterior e com maior cautela dos investidores diante das dificuldades que o governo deve enfrentar para aprovar as medidas fiscais e reformas no Congresso Nacional.
Às 11:26, o dólar avançava 0,55 por cento, a 3,1637 reais na venda, depois de ir a 3,1695 reais na máxima do dia véspera. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,30 por cento.
"Analistas indicam que a base aliada está juntando as votações para cobrar mais (do presidente Michel) Temer", comentou o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em relatório.
A atual agenda econômica do governo no Legislativo é grande e vem logo em seguida ao fato de que Temer teve de agir politicamente para garantir que a denúncia por crime de corrupção passiva contra ele fosse barrada na Câmara dos Deputados. Ou seja, usou boa parte de seu capital político já.
Nesta semana, o governo anunciou novas e maiores metas de déficit primário, que subirão a 159 bilhões de reais neste e no próximo ano, confirmando a tendência de deterioração das contas públicas, que pode ser ainda pior caso o Congresso Nacional não aprove medidas impopulares que foram apresentadas para limitar o rombo e aumentar as receitas.
Entre elas, a reoneração da folha de pagamento das empresas e elevação na contribuição previdenciária por funcionários públicos.
Além da aprovação das novas metas fiscais e suas medidas, o governo também quer garantir no Legislativo a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP) e o Refis, renegociação de dívidas tributárias. Isso sem contar a reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem.
Pesquisa Reuters realizada na véspera já havia captado esse sentimento de cautela. Os economistas consultados indicaram que será preciso aumentar impostos e vender ativos para garantir o cumprimento das metas fiscais, ilustrando as dificuldades do governo para se manter comprometido com austeridade.
"A agenda legislativa cheia, com prazos de diversas leis vencendo em agosto ou setembro, deve fazer com que a reforma da Previdência fique em segundo plano até outubro", trouxe a SulAmérica Investimentos em relatório.
No exterior, o dólar operava em alta ante uma cesta de moedas e algumas divisas de países emergentes, como a lira turca e o peso mexicano. O mercado reagia à ata da reunião de julho do Banco Central Europeu (BCE), que mostrou que as autoridades alertaram para possível exagero do mercado após seis meses de ganhos.
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