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Usiminas revê reajuste de preços de aço em outubro a distribuidores, negocia com montadoras alta de 25%

27/10/2017 16h07

SÃO PAULO (Reuters) - O grupo siderúrgico Usiminas decidiu voltar atrás e retirar reajuste para distribuidores em outubro, depois que os preços internacionais da liga recuaram em relação ao anúncio feito pela empresa em setembro, afirmou o presidente-executivo, Sérgio Leite, nesta sexta-feira.

Em teleconferência com analistas sobre resultado de terceiro trimestre anunciado mais cedo, Leite afirmou, porém, que a siderúrgica já iniciou negociações para os contratos de fornecimento de aço às montadoras de veículos em 2018, cobrando reajuste de 25 por cento, mesmo nível do aplicado para este ano.

"O diferencial de preços da bobina a quente entre o mercado interno e o externo hoje está em 10 por cento, daí a razão de não aplicarmos o aumento", disse o executivo.

Quando esse patamar, chamado de "prêmio" pelo setor, ultrapassa determinados níveis, os compradores no país veem mais vantagem em importar em vez de comprarem de usinas locais. Segundo Leite, a Usiminas vai buscar manter o prêmio entre 5 e 10 por cento no próximo ano.

No quarto trimestre os preços médios de aço da Usiminas no Brasil devem subir 2 por cento, como consequência de reajustes anunciados ao longo deste ano, afirmou Leite. Ele acrescentou que a companhia deverá elevar exportações nos três últimos meses deste ano ante o terceiro trimestre, mas como estes volumes foram negociados em setembro, terão preços maiores, de 595 dólares a bobina a quente, ante o nível atual de 555.

Sobre 2018, o vice-presidente financeiro da Usiminas, Ronald Seckelmann, afirmou que a companhia deverá ter um volume adicional de investimentos de 150 milhões de reais, que correspondem ao montante que deixou de ser aplicado neste ano.

Uma reativação de áreas produtoras de aço paradas desde o início de 2016 na usina de Cubatão (SP) ainda não está nos planos, apesar de a empresa estar elevando a utilização do laminador da usina de 120 mil toneladas por mês no terceiro trimestre para 140 mil toneladas nos três últimos meses deste ano, disse Leite.

"Neste terceiro trimestre começamos a perceber sinais de recuperação da economia depois de ficar estável por alguns trimestres", disse o presidente da Usiminas em entrevista à Reuters. Ele citou como exemplo a produção de veículos, que acumula em 2017 alta de 27 por cento. O setor é responsável por cerca de 30 por cento das vendas da siderúrgica.

Os sinais de aumento de demanda estão incentivando a companhia a contratar cerca de 1.000 funcionários divididos entre a subsidiária de mineração, que deve elevar em 2018 a produção de 2,4 milhão de toneladas de minério de ferro por ano para 6 milhões de toneladas, e o religamento de alto forno em Ipatinga (MG) em abril, disse Leite.

O executivo comentou que a Usiminas deverá antecipar em cerca de um ano e meio pagamento de parte da dívida alvo de renegociação em 2016. A empresa vai amortizar entre dezembro e janeiro cerca de 900 milhões de reais da dívida 6,9 bilhões de reais reestruturada com bancos no ano passado.

A Usiminas terminou setembro com caixa 2,14 bilhões de reais. A empresa teve no terceiro trimestre o terceiro resultado positivo consecutivo, acumulando no ano até setembro lucro líquido de 360 milhões de reais ante prejuízo de 382 milhões no mesmo período de 2016.

(Por Alberto Alerigi Jr.)