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Brasil libera mosquitos estéreis com drones para combater Zika no Nordeste

25/04/2018 16h03

Por Anastasia Moloney

BOGOTÁ (Reuters) - Milhões de mosquitos estéreis serão soltos por drones em partes do Brasil para combater o Zika vírus, depois de testes de campo bem-sucedidos que foram saudados pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um "avanço".

Uma vez soltos, os mosquitos Aedes aegypti estéreis criados em laboratório copulam com fêmeas, mas não produzem ovos viáveis, explicou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O Aedes aegypti transmite Zika, dengue e febre amarela picando humanos.

"Você pode diminuir a população de mosquitos ao longo do tempo e reduzir a próxima geração de mosquitos em até 99 por cento", disse Jeremy Bouyer, cientista da agência da ONU.

    "Antes não tínhamos como soltar mosquitos pelo ar. Mas agora, com o uso de drones, este é um avanço, já que permite a liberação de mosquitos em larga escala e reduz muito os custos", disse ele à Thomson Reuters Foundation.

    Entre 2015 e 2016 o Brasil foi duramente atingido pela epidemia de Zika, um vírus ligado a problemas de nascença em milhares de bebês.

    Até agora os mosquitos estéreis eram liberados usando métodos demorados e trabalhosos, muitas vezes com caminhões, e algumas áreas não eram cobertas por estarem isoladas por estradas ruins e enchentes.

    A AIEA, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) e a organização sem fins lucrativos WeRobotics, que dedica sua tecnologia ao desenvolvimento, soltaram cerca de 280 mil mosquitos em um teste usando aeronaves de controle remoto adaptadas especialmente para o Nordeste do país no mês passado.

    "Usando o drone, tratar 20 hectares só nos tomou cinco minutos", contou Bouyer.

    O Brasil planeja liberar até um milhão de mosquitos por semana durante um período de três meses no final de 2018 ou início de 2019, o auge da estação de mosquitos, perto das cidades de Juazeiro e Recife, explicou.

    "Até onde sei, esta é a primeira vez que uma quantidade tão grande de mosquitos foi liberada com sucesso de um drone", disse Adam Klaptocz, cofundador da WeRobotics.

    "Estamos oferecendo a maneira de liberar quantidades muito grandes de mosquitos no meio ambiente de maneira escalonada e eficiente."

Aperfeiçoamentos já estão sendo feitos no drone, que pode ser comprado "em qualquer loja", e no programa para que mais insetos possam ser transportados a cada voo, disse ele.

    Várias milhões de pessoas morrem todos os anos devido a doenças transmitidas por mosquitos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).