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Tatuagem 3D ajuda mulheres a recuperar autoestima após remoção de mama

23/07/2018 15h34

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Há três anos, depois de passar por uma cirurgia de remoção da mama para evitar o retorno de um câncer, Rosana Silva ficou semanas sem se olhar no espelho.

Agora, em um estúdio de tatuagem no Recreio dos Bandeirantes, a dona de casa de 36 anos não consegue parar de olhar o seio redesenhado pelo tatuador Yurgan Barret.

"Agora está completo, agora está pintado, está bonito. Agora eu já posso me olhar à vontade no espelho", disse Rosana, depois que Yurgan completou a tatuagem da aréola de seu seio operado.

A tatuagem faz parte de iniciativa de Yurgan Barret, de 38 anos, que separa dois dias de sua agenda a cada dois meses para recriar de graça o seio de mulheres que passaram pela remoção da mama.

"A parte que a gente faz de recriar a aréola é bem mais delicada do que uma tatuagem normal. A área é muito sensível, as cicatrizes são grandes", afirmou Yurgan, que usa o método de tatuagem 3D para redesenhar o mamilo e a aréola do seio.

"Poder fazer isso para pessoas que realmente precisam é muito forte...Poder acabar a tatuagem inteira, terminar toda a arte e você ver a felicidade da cliente sair daqui --sinto até arrepio", disse.

Em 2015, Rosana descobriu o câncer de mama após fazer o exame de toque e em poucos meses já havia realizado a mastectomia radical. Em 2016, estava totalmente livre da doença.

Como Rosana, muitas outras mulheres têm a autoestima afetada pela cirurgia.

Após a mastectomia, Zélia Souza, de 49 anos, deixou de ir a praia, entrou em depressão e foi abandonada pelo marido.

"Quando eu fiz minha cirurgia, ele viu a mama, olhou e falou assim 'Ficou desse jeito? Sem bico? A cicatriz feia desse jeito?'. Aí foi pior pra mim, porque eu já estava em uma situação de depressão", contou ela.

Agora, deitada no estúdio de tatuagem de Yurgan e segurando um ursinho de pelúcia, Zélia assiste ansiosa enquanto o tatuador redesenha seu seio.

Após sessão única, não consegue esconder a felicidade. "Lindo, perfeito, tô feliz demais."

(Reportagem de Sérgio Queiroz e Maria Clara Pestre)