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Brasil eleva previsão de safra de café para recorde de quase 60 mi sacas

18/09/2018 09h07

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - A safra de café do Brasil em 2018 foi estimada nesta terça-feira em recorde de 59,9 milhões de sacas de 60 kg, aumento de 3,2 por cento na comparação com o número apurado no levantamento anterior, divulgado em maio pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O terceiro levantamento oficial de safra de café do maior produtor e exportador global da commodity apontou um aumento de 33,2 por cento na colheita ante 2017, com a Conab citando boas condições climáticas e bienalidade positiva do arábica em 2018.

Soma-se a isso o uso de mais tecnologias pelo setor, que tem ajudado cafeicultores a conseguir produtividades recordes, disse a Conab.

"Nunca vimos uma safra como esta", disse Silvio Farnese, diretor do departamento de Café, Cana-de-açúcar e Agroenergia do Ministério de Agricultura, acrescentando que, além do grande volume, a qualidade é muito boa.

A produção brasileira recorde deste ano tem pressionado os contratos futuros de café, que nesta terça-feira atingiram mínimas de mais de 12 anos. Representantes dos agricultores estão buscando soluções junto à indústria para atravessar este momento difícil.

A colheita supera com folga o último ano de bienalidade positiva do Brasil, em 2016, quando a colheita total somou 51,37 milhões de sacas.

A produção de café arábica do Brasil, que representa a maior parte do total, foi projetada em 2018 em 45,9 milhões de sacas, ante 44,33 milhões na previsão de maio. Na comparação com 2017 (ano de baixa produtividade do arábica), o aumento é de 34,1 por cento.

A produção de café robusta (conilon) do país em 2018 foi estimada em cerca de 14 milhões de sacas, ante 13,7 milhões na previsão anterior. A Conab apontou um aumento de 30 por cento ante o ano passado, quando as lavouras ainda se recuperavam de uma seca.

A produtividade média do arábica na atual safra foi estimada em 30,74 sacas por hectare, um recorde histórico, sendo 33 por cento maior do que aquela obtida em 2017.

Já a produtividade média brasileira do robusta foi estimada em 38 sacas/hectare, um incremento de 35,3 por cento em relação a 2017, também um recorde histórico.

Minas Gerais, maior produtor de café do Brasil, teve colheita estimada em 31,9 milhões de sacas, sendo 31,6 milhões do arábica.

"O aumento estimado para essa safra é em razão do aumento da produtividade, decorrente das boas condições climáticas, além do uso de irrigação e da bienalidade positiva."

No Espírito Santo, a produção estimada chegou a 13,5 milhões de sacas, com 8,8 milhões para conilon e 4,7 milhões para arábica.

Em São Paulo, a produção é exclusivamente de café arábica e a quantidade chegou a 6,2 milhões de sacas. Outro Estado que apresentou bons resultados foi a Bahia, com produção de 2,9 milhões do conilon e 1,9 milhão do arábica, segundo a Conab.

Em Rondônia, a produção deve somar 1,9 milhão de sacas, devido ao maior investimento na cultura, com a produtividade aumentando significativamente nos últimos seis anos, passando de 10,8 sacas por hectare em 2012 para 30,9 sacas na safra atual.

A área total de cafezais em formação e em produção em todo o país deve alcançar 2,16 milhões de hectares, sendo 1,86 milhão de hectares em produção.

A Conab apontou redução de área total na ordem de 2,3 por cento ante 2017.

Quando a Conab realizou o levantamento, em agosto, o Brasil já havia colhido grande parte da safra.

2019

Farnese disse que as perspectivas para a safra de 2019 ainda são difíceis de se avaliar.

A produção provavelmente será menor devido ao ano de baixa no ciclo do arábica, disse ele.

"Mas se você tiver um bom nível de chuvas após a florada, ainda poderemos ter uma boa safra (ano que vem)", afirmou ele.

As primeiras floradas para a safra do ano que vem já aconteceram em várias regiões.

O diretor do ministério disse que os agricultores brasileiros ainda podem obter lucros a preços correntes e não vê a necessidade do governo lançar planos como as opções públicas de venda usadas em 2010.

Se os preços estão em mínimas históricas em dólares no mercado internacional, em reais a situação é um pouco melhor, justamente pelo efeito do câmbio.

(Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira, em São Paulo, e Jake Spring em Brasília)