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Ex-mulher de Bolsonaro disse ao Itamaraty que presidenciável a ameaçou de morte em 2009, diz Folha; ela nega

25/09/2018 20h04

(Reuters) - Uma ex-mulher do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, disse ao Itamaraty em 2009 que o presidenciável a ameaçou de morte e, por isso, à época viajou com o filho do casal para a Noruega, disse o jornal Folha de S.Paulo em matéria publicada em seu site nesta terça-feira, quando, em vídeo, ela negou o episódio.

O jornal disse ter tido acesso a um telegrama reservado do Itamaraty, datado de 2011, que contém a informação de que Ana Cristina Valle, candidata a deputada federal pelo Podemos do Rio de Janeiro com o nome Cristina Bolsonaro na eleição deste ano, relatou a ameaça de morte.

​“A senhora Ana Cristina Siqueira Valle disse ter deixado o Brasil há dois anos (em 2009) ‘por ter sido ameaçada de morte’ pelo pai do menor (Bolsonaro). Aduziu ela que tal acusação poderia motivar pedido de asilo político neste país [Noruega]”, diz o telegrama, de acordo com a Folha.

Em sua página no Facebook, Ana Cristina afirma ter "vivido uma longa união estável" com Bolsonaro. Os dois tiveram um filho, Jair Renan Bolsonaro. Na página na rede social, a candidata a deputada declara apoio ao ex-companheiro e convoca eleitores em vídeo para atos de apoio ao candidato do PSL.

Em vídeo divulgado nesta terça-feira, Ana Cristina desmente a informação de que Bolsonaro a teria ameaçado.

"Nunca. Pai do meu filho. Meu ex-marido. Ele é muito querido por mim e por todos. Ele não tem essa índole pra fazer tal coisa", disse ela.

A Reuters tentou contato com Ana Cristina, por meio do Podemos, mas sem sucesso.

A Folha havia obtido o telegrama, por meio da Lei de Acesso à Informação, com trechos ocultos por tarjas pretas. Com esse material, o jornal publicou no domingo que Bolsonaro, como deputado federal, teria agido junto ao Itamaraty por conta de Ana Cristina ter levado o filho do casal para a Noruega.

Nesta terça, a Folha disse ter confirmado o conteúdo dos trechos ocultos --incluindo a informação sobre o relato da ameaça de morte-- com fontes e com e o então embaixador, Carlos Henrique Cardim, que assina os textos.

Ao jornal, Ana Cristina disse, por meio de mensagem de texto nesta terça, que “não falou com nenhum cônsul ou vice” e que “sobre este assunto não tenho nada a dizer”.

Em entrevista à Folha na semana passada, Ana Cristina havia dito que a ligação telefônica dada pelo pessoal da embaixada foi para seu marido norueguês, e não para ela. Questionada nesta terça se houve ameaças de morte de Bolsonaro contra ela por volta de 2009, ela respondeu que havia conversado com seu marido norueguês e que ele “falou que não disse nada disso”.

“Acho que vocês estão pegando pesado falando isso”, afirmou.