Lucro da Petrobras aumenta 25 vezes, mas vem abaixo das expectativas
SÃO PAULO, 6 Nov (Reuters) - A Petrobras (PETR4) reportou nesta terça-feira (6) lucro líquido de R$ 6,64 bilhões no terceiro trimestre, aumento de 25 vezes na comparação com mesmo período do ano passado (R$ 266 milhões), mas abaixo da expectativa do consenso do mercado, diante de uma queda na produção de petróleo, com impacto na exportação, e maiores gastos com importações de derivados.
Na comparação com o segundo trimestre, quando a empresa registrou um resultado histórico com recebimentos bilionários de desinvestimentos, melhora financeira e maior mercado de derivados, houve uma queda de 34%.
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O resultado poderia ter sido melhor não fossem os acordos firmados com o governo dos Estados Unidos, para encerramento das investigações de casos de corrupção envolvendo a companhia, que tiveram impacto negativo de R$ 3,5 bilhões.
Excluindo-se os acordos com autoridades norte-americanas, bem como os efeitos do acordo da Class Action, o lucro líquido teria sido de R$ 10,3 bilhões, disse a petroleira.
"Diferenças dos resultados frente às nossas expectativas refletiram maiores gastos com importações de diesel e menores receitas com exportação devido à menor produção de petróleo, além de efeitos não recorrentes como o recentemente anunciado acordo de R$ 3,5 bilhões com o Departamento de Justiça dos EUA", disse a XP Investimentos em nota a clientes.
Segundo a XP, o resultado do trimestre ainda não reflete um cenário de operações normalizadas para a Petrobras, uma vez que a empresa teve que aumentar sua participação no mercado de importações dado que operadores independentes enfrentam dificuldades sob o atual regime de subsídios ao diesel.
Às 11h30, a ação preferencial da empresa operava em queda de cerca de 2,5%, enquanto o Ibovespa recuava 1,2%.
Mas o presidente-executivo da companhia destacou que a Petrobras está "colhendo uma série de frutos decorrentes" de sua recuperação.
"É o terceiro trimestre seguido em que registramos lucro líquido... Arrumamos a casa. A retomada do nosso crescimento é positiva não só para a Petrobras, como também para o país...", afirmou, Ivan Monteiro, em nota.
Disparada nas importações
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou R$ 29,856 bilhões no terceiro trimestre, queda de 1% ante o segundo trimestre, mas um forte aumento de 55,3% ante o mesmo período do ano passado.
O lucro operacional atingiu cerca de R$ 17 bilhões, aumento de 2% ante o segundo trimestre, mas mais que o dobro dos R$ 7,8 bilhões do mesmo período do ano passado.
O resultado "reflete as maiores margens de derivados no mercado interno, em função dos maiores preços de realização, em linha com o aumento das cotações das commodities no mercado internacional, e o aumento da demanda de diesel com ganhos de market-share", disse a estatal.
Por outro lado, "a menor produção de petróleo acarretou a queda das exportações de petróleo, e o aumento do volume de vendas no mercado interno, associado à menor carga processada, contribuiu para o aumento dos gastos com importações, principalmente diesel", admitiu a Petrobras em nota.
As importações da Petrobras dispararam em um momento de câmbio desvalorizado, com o real em mínimas históricas ante o dólar, e atingiram média de 439 mil barris dia no terceiro trimestre, ante 336 mil barris/dia no mesmo período do ano passado.
As compras externas de petróleo responderam por 207 mil barris por dia, aumento de 52% ante o mesmo período do ano passado, em meio a uma queda de 5% na produção da commodity pela Petrobras entre julho e setembro.
As importações de diesel atingiram 91 mil barris por dia no trimestre, ante 34 mil barris/dia no mesmo período do ano passado, enquanto as compras externas de gasolina somaram 17 mil barris/dia, versus 13 mil barris/dia um ano atrás.
O aumento das importações ocorreu em meio a um ganho de participação da companhia no mercado brasileiro de combustíveis e a uma redução na utilização das refinarias.
A fatia da companhia no mercado de diesel do Brasil atingiu 93% em setembro, ante 91% em agosto. A participação da empresa aumentou mais acentuadamente após os protestos dos caminhoneiros em maio e depois da implantação do programa de subsídios. Em janeiro, era de 65%.
No mercado de gasolina, a Petrobras teve aumento de participação para 91% em setembro, ante 89% em agosto e 80% em janeiro.
A empresa relatou queda no fator de utilização das refinarias para 75% em setembro, ante 76% em agosto, em meio ao acidente da Refinaria de Paulínia. Em janeiro, no entanto, era de 71%.
(Por Roberto Samora, Marta Nogueira, Rodrigo Viga Gaier; com reportagem adicional de Paula Arend Laier; edição de Luciano Costa)
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