BNDES poderá participar de emissões de ações de empresas em 2019
Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O BNDES vai voltar a subscrever ações de empresas na tentativa de estimular a listagem de companhias na bolsa e impulsionar o crescimento de empresas de menor porte com potencial de desenvolvimento, afirmou o presidente do banco, Dyogo Oliveira, nesta quinta-feira.
O banco de fomento vai poder subscrever ações de empresas de capital fechado que queiram listar papéis na bolsa e está disposto a participar no limite de até 15 por cento de cada operação. "Neste caso, não há limite de receita da empresa para o BNDES acompanhar", disse Oliveira, a jornalistas.
Oliveira afirmou também que o banco poderá subscrever ações de empresas de menor porte, mas neste caso a empresa só poderá ter faturamento entre 90 milhões e 1 bilhão de reais ao ano. A participação do banco nessas operações poderá atingir até 30 por cento.
A estratégia foi aprovada nesta semana pela diretoria do banco.
O BNDES não participava de uma operação de emissão de ações desde 2015, disse Oliveira. "São empresas com potencial de crescimento, conteúdo tecnológico, capacidade de agregar conhecimento no país. Não há visão setorial e o conceito é de desenvolvimento da empresa e empresas que podem ser alavancadas", disse o presidente do banco, que será substituído por Joaquim Levy no governo de Jair Bolsonaro.
DESINVESTIMENTOS
A diretora de mercados de capitais do BNDES, Eliane Lustosa, afirmou que o banco está contratando assessores financeiros para ajudar na venda das grandes participações da BNDESPar em empresas cujo investimento do banco de fomento já esteja maduro.
Segundo ela, as contratações estão sendo feitas de acordo com cada operação e não há um prazo para serem concluídas. A carteira de participações da BNDESPar, braço de investimentos em empresas do BNDES, é concentrada em grandes empresas como Petrobras, Vale, JBS e Eletrobras.
"A diretriz é desinvestir de empresas maduras, mas com muita tranquilidade para que não haja prejuízo (...) não vamos queimar nossas participações", disse Lustosa.
Neste ano, até setembro, os desinvestimentos do BNDES somam cerca de 6,3 bilhões de reais, segundo dados oficiais, mas o presidente do banco declarou em entrevistas recentes que o volume já superava os 8 bilhões de reais.
DESEMBOLSOS
O presidente do BNDES informou que de janeiro a novembro os desembolsos do banco somam 55 bilhões de reais ante uma meta para este ano de 70 bilhões. Apesar de ainda faltarem 15 bilhões para serem cumpridos, Oliveira manteve a meta. "No fim do ano, sempre tem um ritmo mais forte", disse ele.
O nível de desembolsos de 2018 será o menor em cerca de 20 anos, reflexo da conjuntura ligada à mudança da taxa de juros do banco do sistema de TJLP pela TLP, incertezas eleitorais e menor nível de confiança dos empresários.
As aprovações de financiamentos do banco de janeiro a novembro, por outro lado, cresceram 20 por cento na comparação anual, segundo Dyogo, sinalizando um potencial para empréstimos mais fortes em 2019, na casa de 90 bilhões de reais. "Isso levando em consideração um crescimento de 2,5 por cento do PIB", disse Oliveira.
De janeiro a novembro, os desembolsos só para área de infraestrutura totalizam 19 bilhões de reais ante 17,5 bilhões em 2017. A meta para este ano é 27 bilhões reais para a área.
Sobre o montante de recursos a serem devolvidos pelo BNDES ao Tesouro, executivos do BNDES afirmaram que o banco poderá ampliar a devolução em 2019 para além dos 26 bilhões de reais já definidos. Este ano, o banco já retornou ao Tesouro 130 bilhões de reais. Entre 2008 e 2014 o banco recebeu do Tesouro 416 bilhões de reais e tem um saldo devedor, por conta dos juros, de 280 bilhões, afirmaram executivos do banco.
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