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Estoque de crédito no Brasil avança 1,1% em novembro, inadimplência tem menor nível histórico

27/12/2018 11h18

BRASÍLIA (Reuters) - O estoque total de crédito no Brasil subiu 1,1 por cento em novembro sobre outubro, a 3,202 trilhões de reais, impulsionado tanto pelos financiamentos às famílias quanto às empresas, num mês em que a inadimplência renovou seu menor nível histórico no segmento de recursos livres.

No acumulado do ano, o saldo geral de financiamentos teve expansão de 3,6 por cento, chegando em 12 meses a um crescimento de 4,4 por cento, divulgou o Banco Central nesta quinta-feira.

Em setembro, o BC havia projetado avanço de 4 por cento do estoque de crédito no Brasil em 2018, sobre 3 por cento antes, principalmente pela melhora nos financiamentos às pessoas jurídicas, movimento que é afetado pelo câmbio, que aumenta automaticamente os saldos nas operações denominadas em dólar.

Este deverá ser o primeiro dado no azul após dois anos de retração. Para 2019, a expectativa do BC é de alta de 6 por cento no estoque de crédito.

Em novembro, o saldo de financiamentos para pessoas físicas subiu 1,4 por cento, ao passo que para pessoas jurídicas a elevação foi de 0,8 por cento.

No segmento de recursos livres, em que as taxas são livremente definidas pelos bancos, a inadimplência recuou a 4,0 por cento em novembro, sobre 4,1 por cento em outubro, ao menor nível da série histórica iniciada pelo BC em março de 2011.

Já o spread, que mede a diferença entre a taxa de captação dos bancos e a cobrada a seus clientes, subiu 0,3 ponto no mesmo período, a 29,9 pontos percentuais, dado que também considera o segmento de recursos livres.

Quanto ao custo do crédito no mesmo segmento, os juros médios caíram ligeiramente a 37,9 por cento ao ano em novembro, contra 38 por cento no mês anterior. No acumulado do ano, essa queda foi de 2,4 pontos.

A melhoria tem como pano de fundo a manutenção da Selic em seu menor nível histórico, de 6,50 por cento, desde março deste ano. Além disso, o BC vem tomando medidas para baratear o custo do crédito, como a diminuição do recolhimento compulsório e diversas iniciativas voltadas para o cartão de crédito.

"O que o Banco Central espera é que as condições sejam dadas para que as reduções das taxas de juros sejam alcançadas de forma sustentável. A inadimplência permanencendo em níveis baixos e favoráveis como de fato estão agora e reduções de incertezas em relação à economia do país contribuem para isso também", disse o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do BC, Renato Baldini.

Ainda assim, os juros em modalidades bastante acessadas pelos brasileiros como o próprio cartão de crédito e o cheque especial seguem altos, tendo batido em 279,8 por cento ao ano e 305,7 por cento ao ano, respectivamente, em novembro.

No cartão de crédito, a elevação dos juros médios foi de 4,1 pontos sobre outubro, enquanto no cheque especial houve aumento de 5,3 pontos na mesma base.

Isso ocorreu apesar da inadimplência nessas duas modalidades ter caído. No cartão de crédito, a retração foi de 1,4 ponto no rotativo, a 35 por cento, e de 0,3 por cento no total, a 5,7 por cento. No cheque especial, a inadimplência diminuiu 0,5 ponto em novembro sobre o mês anterior, a 13,6 por cento.

"Eu não diria que nessa magnitude isso provém de uma decisão (dos bancos)", disse Baldini, quando questionado a respeito das razões para o movimento em direções opostas. Oscilações pequenas muitas vezes decorrem de uma mudança na composição das taxas, defendeu ele.

(Por Marcela Ayres)