Fintechs querem sacudir bancos nos EUA, o que preocupa o Fed
Por Pete Schroeder
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve (banco central dos EUA) teme dar a fintechs como a OnDeck Capital ou Kabbage acesso à infraestrutura financeira do país, entrando em desacordo com outros reguladores, que querem colocá-las no sistema.
O Gabinete do Controlador da Moeda (OCC, na sigla em inglês) e o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) avaliam dar licenças parecidas com as dadas a bancos federais para empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros, como transferências de dinheiro e empréstimos.
As licenças permitiriam que fintechs, que hoje operam sob um amontoado de regras estaduais nos Estados Unidos, reduzam custos regulatórios e se expandam para novas regiões e produtos.
Mas as fintechs receiam investir pesadamente em expansão nacional sem acesso aos sistemas de pagamento, serviços de liquidação e outras ferramentas do Fed, que precisa decidir se permitirá que elas participem do sistema.
Muitas autoridades do Fed alertam que essas empresas não têm controles robustos de gerenciamento de riscos e proteções ao consumidor que os bancos implementaram.
"Eles provavelmente querem acesso ao sistema de pagamentos, mas não querem o regulamento que viria com esse acesso", disse o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, em novembro.
Empresas como PayPal e LendingClub atraíram milhões de clientes oferecendo maior conveniência ou melhores preços do que os bancos tradicionais. O OCC e o FDIC dizem que essas empresas podem ampliar o acesso a serviços financeiros porque seus modelos de baixo custo permitem que elas atinjam áreas mal servidas e ofereçam pequenos empréstimos que não são viáveis para bancos maiores. O acesso direto eliminaria taxas de roteamento bancário, um dos cinco principais custos operacionais de muitas empresas de tecnologia financeira, e permitiria que elas concorressem mais efetivamente com os credores tradicionais.
"É difícil saber se vale a pena aplicá-lo se você não sabe qual acesso você teria aos serviços do Fed", disse Jason Oxman, presidente da Electronic Transactions Association, que representa fintechs e bancos. "Seria útil o Fed esclarecer."
Os bancos defendem que as fintechs possam acessar o sistema do Fed somente se obedecerem às mesmas regras que eles.
Inaugurado em julho, o estatuto especial do OCC permite que as fintechs operem em âmbito nacional sob uma única licença, desde que satisfaçam alguns requisitos de planejamento de liquidez, capital e contingência.
De 2010 a 2017, mais de 3.330 fintechs foram criadas nos EUA, de acordo com o departamento do Tesouro do país, com financiamento para essas empresas aumentando treze vezes nesse período, a 22 bilhões de dólares.
Autoridades temem que essas empresas privilegiem a expansão em detrimento da gestão de risco e adequação regulatória - receio sublinhado neste mês, quando a fintech Robinhood alegou erroneamente que suas novas contas correntes e de poupança tinham seguro do governo federal.
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