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Presidente do BCE alerta para crescimento mais fraco à frente

24/01/2019 13h48

Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa

FRANKFURT (Reuters) - O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, reconheceu nesta quinta-feira que o crescimento da zona do euro provavelmente será mais fraco que o previsto por causa de impactos de eventos que incluem a desaceleração da China e o Brexit.

A economia da região já está sofrendo sua maior desaceleração em meia década, levantando questões sobre se o BCE vai conseguir elevar as taxas de juros pela primeira vez em uma década no final deste ano, assim como indicam as orientações atuais.

O Banco Central Europeu manteve nesta quinta-feira inalterada taxa de juros e política monetária da região, mas os comentários de Draghi alimentaram apostas do mercado de que a autoridade monetária acabará adiando um aperto monetário ou mesmo poderá reduzir o custo de empréstimos.

"Os riscos em torno das perspectivas de crescimento da zona do euro são baixistas devido à persistência de incertezas", disse Draghi em entrevista coletiva, citando disputas comerciais e geopolíticas, além da volatilidade nos mercados emergentes.

"O ímpeto de crescimento de curto prazo provavelmente será mais fraco do que o esperado anteriormente."

Apesar de citar riscos crescentes, Draghi, apresentou razões para não mudar a orientação do banco agora dada a força do mercado de trabalho da região e o aumento dos salários, que ele apontou como fator de ajuda para elevar a inflação no médio prazo.

"O principal fator a avaliar é a persistência da incerteza", disse ele, acrescentando estar confiante de que essas incertezas - que vão desde o resultado do Brexit até a desaceleração da China e o protecionismo comercial - estão sendo abordadas.

"O Conselho Administrativo terá mais tempo para avaliar se todos esses fatores de risco afetaram a confiança e teremos outra discussão em março, quando também teremos as novas projeções (de crescimento)."

Com a decisão desta quinta-feira, a taxa do BCE sobre os depósitos bancários, que atualmente é sua principal ferramenta de taxa de juros, permanece em -0,40 por cento.

A principal taxa de refinanciamento, que determina o custo do crédito na economia, permaneceu em 0,00 por cento, enquanto a taxa de empréstimo - a taxa de empréstimo de emergência para os bancos - continuou em 0,25 por cento.

Depois de encerrar seu programa de compra de 2,6 trilhões de euros em títulos há apenas algumas semanas, o BCE informou que ainda espera manter os juros em mínimas históricas "até" ao verão (no hemisfério norte), mantendo sua antiga orientação, mesmo com o mercado prevendo que a autoridade monetária deve adiar o movimento.

Os investidores agora apostam em um aumento de juros apenas em meados de 2020, enquanto uma pesquisa da Reuters com economistas previu que a primeira elevação em quase uma década deve acontecer no quarto trimestre.