Previsão de chuvas eleva atenção sobre nível do rio Madeira, aponta ANA
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A sinalização de "precipitações importantes" na região do rio Madeira, em Rondônia, levou a Agência Nacional de Águas (ANA) a marcar duas reuniões da Sala de Crise, na próxima semana, para acompanhar a situação e verificar se haverá a necessidade medidas operativas.
No rio Madeira, estão duas das mais importantes hidrelétricas do país, Jirau e Santo Antonio.
Na quarta-feira, houve uma primeira reunião da Sala de Crise do Madeira, coordenada pela ANA e instituída todo ano em janeiro, no início do período de cheias, para nivelar entidades participantes sobre a situação do rio e da rodovia BR-364, que eventualmente pode ter seu trânsito afetado pela cheia.
Participaram do encontro representantes de órgãos de clima e de gestão de recursos hídricos, dos setores elétrico e de transportes, de alerta e defesa civil, dos usuários de águas e agências reguladoras.
Na ocasião, ficou decidido que a situação atual não demanda medidas operativas, como por exemplo a regulagem de comportas de usinas para evitar problemas na região.
No entanto, ficou acordado que, caso o Madeira chegue a um metro de atingir o nível da pista da BR-364 em seu trecho crítico, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) passará a monitorar com boletins diários a situação dos níveis, vazões e operação dos reservatórios das hidrelétricas, "a fim de se preparar as medidas necessárias para manter o trânsito da BR-364".
A BR-364 é rota para abastecimento do Acre e eventual impedimento de trânsito por esse acesso isolaria o Estado do restante do país por via terrestre.
De acordo com dados do Refinitiv Eikon, os maiores volumes de chuvas no Brasil estão previstos para as regiões do Acre e Rondônia e partes do Amazonas, em áreas próximas ao Madeira.
Na região do Madeira, até o próximo dia 8 de fevereiro, a expectativa é de um acumulado de mais de 200 milímetros, 82 milímetros acima da média histórica para o período.
A ANA não informou qual é atualmente o nível do rio. No entanto, sinalizou que a situação ainda não pode ser considerada crítica.
Isso porque a primeira reunião da Sala de Crise poderia ter sido antecipada caso a vazão afluente à hidrelétrica de Jirau atingisse 34 mil metros cúbicos por segundo (m³/s), o que não ocorreu.
Em 21 de janeiro, a defluência na usina estava em 30.790 m³/s, tendo chegado no maior nível neste ano hidrológico em 19 de janeiro, de 31.978 m³/s, segundo a agência.
No entanto, a ANA ressaltou que as áreas de cabeceira da bacia do Rio Madeira têm recebido precipitações abundantes no início de 2019, devido a uma área de alta pressão atmosférica que dificulta a passagem das chuvas para outras regiões, havendo uma concentração de chuvas naquele local e aumentando a defluência do rio Madeira.
Em nota, a ANA destacou que condições meteorológicas apresentadas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemadem) e pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) apontaram a possibilidade de precipitações importantes e a necessidade de um acompanhamento com periodicidade menor que um encontro por semana.
Diversas outras autoridades participam das reuniões, como representantes dos ministérios da Infraestrutura, do Desenvolvimento Regional, de Minas e Energia e dos Transportes, além de órgãos como ONS, Serviço Geológico do Brasil, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), dentre outros.
Com o início de novas gestões nos governos estaduais, novos atores também foram incorporados ao processo.
(Por Marta Nogueira)
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