Chair do Fed vai ao Congresso dos EUA em meio a mudança de cenário
Por Howard Schneider e Ann Saphir
WASHINGTON (Reuters) - O chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, trabalhou duro para fortalecer os laços com o Congresso durante seu primeiro ano como comandante do banco central dos Estados Unidos, dobrando o ritmo de encontros com parlamentares em relação a seus predecessores e cortejando democratas e republicanos da mesma forma.
O resultado desse esforço será testado nesta semana, quando Powell vai ao Capitólio para audiências em um ambiente político e econômico que mudou dramaticamente desde que ele apareceu diante do Congresso pela última vez, em julho de 2018.
Os democratas conquistaram o controle da Câmara dos Deputados nas eleições de novembro, e alguns novos parlamentares estão pressionando por programas que podem ter implicações de longo prazo para o Fed; dois membros do Comitê Bancário do Senado e ao menos um membro do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara podem concorrer à Presidência em 2020; e as críticas públicas do presidente Donald Trump ao Fed levantaram questões sobre se sua independência foi comprometida.
Além disso, o que parecia ser uma perspectiva tranquila para a economia em julho se complicou devido à desaceleração do crescimento global, à inflação fraca e a surtos de volatilidade nos mercados acionário e de títulos dos EUA, que alguns atribuem a erros de política monetária e comunicação do próprio Powell.
O Representante dos EUA Emanuel Cleaver, democrata e presidente do subcomitê de política monetária da Câmara, disse que alguns novatos nesse comitê podem questionar Powell sobre ideias que apareciam em suas campanhas.
"Meu medo, com a constante revolução direcionada ao chairman Powell e ao Fed, é que muitos americanos podem querer culpar o Fed por qualquer falha da economia dos EUA", disse Cleaver.
O Fed elevou os juros quatro vezes em 2018, mas em uma mudança no mês passado disse que pode ser paciente ao decidir quando apertar a política monetária novamente, se apertar. Investidores interpretaram isso como indicação de que o ciclo de apertos acabou.
Após aparições em fevereiro e julho em que o humor era agradável e a economia estava bem, "todas essas coisas estão se juntando para tornar o depoimento de Powell particularmente difícil", disse o professor de economia do Boston College Peter Ireland.
Por lei, o comandante do Fed vai aos comitês do Senado e da Câmara duas vezes por ano.
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