Investidores da Vale buscam esclarecimentos 2 meses após tragédia em MG
Por Christian Plumb
SÃO PAULO (Reuters) - A Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, deve reportar na quarta-feira seus ganhos do quarto trimestre, mas tais resultados já parecem como uma história antiga, conforme a empresa enfrenta o segundo rompimento fatal de uma barragem em pouco mais de três anos.
O colapso da barragem de rejeitos em Brumadinho (MG), que matou cerca de 300 pessoas há dois meses, deve dominar as discussões quando executivos da Vale responderem às perguntas de analistas na quinta-feira.
"O principal foco do mercado quando se olha para os números trimestrais será de qualquer atualização sobre a situação atual --qualquer coisa sobre produção, qualquer esclarecimento sobre as minas e barragens suspensas, bem como qualquer coisa sobre o movimento em direção à negociação de um acordo global", disse Karel Luketic, analista-chefe da XP Investimentos.
Nesta terça-feira, a Vale reportou um aumento de 8,2 por cento na produção trimestral de minério de ferro, elevando a produção de todo o ano de 2018 para 384,64 milhões de toneladas, levemente abaixo da meta anual.
Nas semanas seguintes ao desastre de Brumadinho, a Vale foi forçada a cortar produção de minério de ferro em muitas de suas minas mais antigas, com um impacto anual de cerca de 93 milhões de toneladas, disse a empresa.
Os investidores também buscarão esclarecimentos sobre o comando da empresa, após o presidente-executivo, Fabio Schvartsman, ter se afastado do cargo, sob pressão dos promotores, em uma ação que a Vale chamou de temporária.
Schvartsman foi substituído por Eduardo Bartolomeo, antigo diretor da divisão de metais básicos, que deve negociar um acordo global com as autoridades brasileiras.
No último mês de junho, a Vale e a BHP assinaram acordo com o Ministério Público Federal (MPF) e outras autoridades que busca maior participação de comunidades atingidas pelo rompimento de uma barragem da Samarco, em 2015, nas decisões relativas aos programas de reparação, e extingue uma ação de 20 bilhões de reais movida contra as companhias pela União e Estados.
Para todo o ano de 2018, a Vale deve registrar lucro líquido de 7,2 bilhões de dólares, de acordo com média de estimativas de analistas consultados pelo Refinitiv, ante 7,02 bilhões de dólares do ano anterior.
(Reportagem adicional de Marta Nogueira)
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