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Canadian Solar, Casa dos Ventos e Eneva avaliam leilão em Roraima, dizem fontes

09/05/2019 17h15

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - Um leilão que contratará soluções de suprimento de energia para Roraima tem atraído interesse de diversas empresas, incluindo a fabricante de painéis solares Canadian Solar, a empresa de projetos Casa dos Ventos e as elétricas Eneva e Equatorial, entre outras, disseram à Reuters diversas fontes próximas do assunto.

O certame, em 31 de maio, é aberto tanto para projetos termelétricos a diesel ou gás natural quanto para fontes renováveis, como usinas eólicas, solares e movidas a biomassa ou biogás, além de novas tecnologias, como baterias.

A licitação será realizada em um momento em que Roraima, que não está ligado ao sistema elétrico nacional e era abastecido em boa parte por energia venezuelana, agora está gastando valores adicionais com térmicas, em função da ausência do suprimento do país vizinho, atingido por série crise econômica e social.

O leilão teve inscritos 156 projetos, com um total de cerca de 6 gigawatts em capacidade. A demanda a ser contratada, no entanto, deve ficar próxima de 200 megawatts a 250 megawatts, informou anteriormente a estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

A Eneva afirmou em apresentação de resultados nesta quinta-feira que pode disputar o certame com uma termelétrica que seria abastecida com gás do campo de Azulão, no Amazonas, um projeto com capacidade entre 110 e 150 megawatts que a empresa comprou junto à Petrobras em 2017.

O empreendimento da Eneva deve envolver o uso de navios ou carretas para levar o gás até a usina, devido à falta de gasodutos na região, mas ainda assim tem potencial para ser um dos mais competitivos da disputa em termos de preços, disse uma das fontes, que falou sob a condição de anonimato.

Procurada, a Eneva não comentou de imediato.

Já a Canadian Solar inscreveu projetos solares para a licitação como parte de sua estratégia para alavancar vendas de equipamentos no país, disse uma segunda fonte, que também não quis ter o nome publicado.

De acordo com essa segunda fonte, a desenvolvedora de projetos Casa dos Ventos é outra empresa que tem olhado a disputa. A novidade é que a empresa tem estudado projetos a gás e com biogás produzido a partir de biomassa, ao invés de eólicas, fonte na qual possui um amplo portfólio de empreendimentos.

Um porta-voz da Canadian Solar disse que a empresa não iria comentar. A Casa dos Ventos disse em nota que "tem de fato projetos cadastrados, mas ainda está analisando a participação".

Já a Equatorial Energia, que atua principalmente em distribuição e transmissão, também chegou a estudar alternativas de projetos de geração a gás natural para o certame, disse uma terceira fonte que tem acompanhado a licitação.

"A Equatorial tem uma forte presença regional", afirmou a fonte, em referência ao fato de a elétrica controlar a distribuidora de energia Celpa, no Pará, que faz divisa com Roraima.

O grupo Oliveira Energia, que atua com geração térmica a diesel na região Norte e comprou junto à estatal Eletrobras as distribuidoras que atendem Roraima e Rondônia, também tem sido visto como um potencial interessado, afirmou a terceira fonte, também sob sigilo.

Não foi possível contatar de imediato representantes da Equatorial e da Oliveira Energia para comentar.

Além dessas empresas, a AES Tietê, controlada pela norte-americana AES, também chegou a demonstrar interesse em inscrever projetos com uso de baterias na licitação, mas as fontes não souberam dizer se a empresa estará na disputa. A empresa recusou-se a comentar.

A Golar Power, que tem um projeto termelétrico em andamento em Sergipe, também chegou a demonstrar apetite pelo certame, mas não é certo se a companhia decidiu entrar de fato na concorrência, segundo as fontes.

Não foi possível contatar representantes da Golar Power.

O Ministério de Minas e Energia disse em nota que um workshop sobre o leilão "despertou grande interesse do setor e recebeu cerca de 100 participantes", sem detalhar as empresas que compareceram.

(Por Luciano Costa; edição de Roberto Samora)