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BC vê PIB perto da estabilidade no 2º tri, com recuperação "gradual" à frente

José de Castro

25/06/2019 08h29

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - A economia brasileira deve ficar perto da estabilidade neste segundo trimestre, com uma "nítida" interrupção em seu processo de recuperação como reflexo de uma mudança na dinâmica da atividade depois do segundo trimestre de 2018, avaliou o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) nesta terça-feira.

Na ata de sua última reunião de política monetária --quando deixou na semana passada a Selic em 6,50% ao ano--, o Copom disse que os principais choques sofridos pela economia brasileira ao longo de 2018 se dissiparam e que as condições financeiras já caminharam para território "mais estimulativo".

"Após leve recuo no primeiro trimestre de 2019, em decorrência dessa perda de dinamismo e de alguns choques pontuais, o Produto Interno Bruto (PIB) deve apresentar desempenho próximo da estabilidade no segundo trimestre", avaliou o Copom.

"Nesse contexto, o cenário básico do Copom contempla retomada do processo de recuperação econômica adiante, de maneira gradual", afirmou o Copom.

Dessa forma, o Copom explica o fato de ter eliminado do comunicado da decisão de juros da semana passada trecho que mencionava que sua avaliação sobre o cenário econômico poderia não ser concluída a curto prazo.

A avaliação do Copom para a atividade se dá conforme o mercado impõe sucessivos cortes às expectativas para a atividade. A previsão agora dos analistas é que o PIB avance apenas 0,87% em 2019, segundo boletim Focus do BC divulgado na véspera.

Na ata divulgada nesta terça, o Copom reconheceu a melhora do balanço de riscos para a inflação entre o começo de maio e meados de junho, mas ainda apontou riscos do lado da agenda de reformas, classificados pelo colegiado como "preponderantes". Com isso, "a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente".

Para Dan Kawa, sócio da TAG Investimentos, a ata do Copom manteve a porta aberta para queda da Selic, mas fazendo ressalvas sobre o recuo nas projeções de inflação de curto prazo. "O espaço para o tamanho da queda talvez seja menor do que o vislumbrado após o comunicado da semana passada", afirmou.

O Copom voltou a destacar a importância de reformas econômicas para "consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva" e disse que as reformas ajudam a reduzir incertezas, estimulando o investimento privado num contexto de ambiente fiscal limitado para investimentos públicos.

O destaque à necessidade de evolução na agenda de reformas sinaliza ao mercado que cortes de juros só virão após a aprovação da reforma da Previdência. Para o mercado, a passagem pelo plenário da Câmara dos Deputados pode acontecer em julho.

A indicação do BC contraria, assim, o entendimento de parte do mercado de que a percepção de que a reforma caminha para ser aprovada seria suficiente para determinar um corte da taxa.

"Para resumir, o Copom não cortou nem disse que vai cortar, sequer sinalizou", disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management, que classificou o colegiado do BC como "um pouco mais pragmático que o mercado". "Estamos contando demais com eventos imponderáveis. E, pior, está todo mundo contando com o político. Calma", concluiu.

Contratos de juros futuros indicavam Selic média de 5,6% em dezembro de 2019. A curva de DI embutia Selic média de cerca de 6,4% no último trimestre de 2020.