Banco Central mantém juros em 6,5% ao ano pela 10ª vez seguida
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano. Esta é a décima reunião seguida em que os juros são mantidos nesse nível, o que configura um recorde de manutenções consecutivas da taxa. A última alteração na Selic ocorreu em março de 2018, quando a taxa caiu de 6,75% para 6,5% ao ano.
Com a decisão de hoje, a Selic continua em seu menor nível desde que o Copom foi criado, em 1996, e a poupança segue rendendo menos (leia mais abaixo).
Unânime, a decisão de manter os juros veio em linha com a expectativa de analistas consultados pela agência de notícias Reuters.
O Copom afirmou que o balanço de riscos para a inflação evoluiu de maneira favorável mas que, neste momento, o risco relacionado à agenda de reformas, principalmente a da Previdência, é preponderante.
A opção de manter a Selic se deu apesar de ter crescido a pressão por cortes na taxa para estimular a economia. O PIB (Produto Interno Bruto) encolheu 0,2% no primeiro trimestre, e já há analistas prevendo o risco de o país entrar em recessão técnica (dois trimestres seguidos de queda do PIB).
Para o Copom, uma "eventual frustração" das expectativas para reformas e ajustes necessários à economia brasileira pode elevar a trajetória da inflação. Esse risco é intensificado, segundo o comitê, pela possibilidade de piora no cenário externo para economias emergentes.
O BC afirmou que é importante observar o desempenho da economia brasileira ao longo do tempo, com redução do grau de incerteza a que continua exposta.
Taxa caiu de 14,25% para 6,5% ao ano
Em outubro de 2016, o BC deu início a uma sequência de 12 cortes na Selic, que foi interrompida em maio do ano passado. Neste período, a taxa de juros caiu de 14,25% ao ano para 6,5% ano, patamar mantido desde então.
Juros ao consumidor são mais altos
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. A Selic não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros média do cheque especial subiu em abril para 323,3% ao ano. Os juros do rotativo do cartão de crédito ficaram em 298,6% ao ano, em média.
Poupança rende 4,55% ao ano
Desde setembro de 2017, a poupança passou a render menos devido a uma regra criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial).
Porém, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR. Como a TR atualmente vale zero, o rendimento da poupança equivale hoje a 4,55% ao ano.
Juros x inflação
Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A meta é manter a inflação em 4,25% este ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto para cima e para baixo, ou seja, pode variar entre 2,75% e 5,75%. Em maio, a inflação acumulada em 12 meses ficou em 4,66%, dentro da meta do governo, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para o mercado financeiro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial, deve fechar 2019 a 3,84%, de acordo com o último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (17).
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