Brasil embarca 60 mil t de milho aos EUA, novas cargas são esperadas
Por Roberto Samora
São PAULO, (Reuters) - O Brasil realizou nesta semana embarque de cerca de 60 mil toneladas de milho aos EUA, uma exportação atípica para o país norte-americano, que é o maior produtor e exportador do cereal, de acordo com dados publicados no terminal Eikon, da Refinitiv.
A exportação, que marca o primeiro navio com milho do Brasil aos EUA do ano, foi realizada pela gigante multinacional Cargill, pelo porto de Itaqui, no Maranhão, segundo informações da programação de embarcações.. Procurada, a Cargill não comentou o assunto imediatamente.
Mais cedo neste ano, a Reuters reportou, com base em fontes do mercado, negócios de milho do Brasil para os EUA, com previsão de embarques para o segundo semestre.
Os acordos, realizados em condições de mercado melhores que as atuais, foram fechados quando surgiram informações sobre a ameaça de quebra de safra norte-americana, que deverá ser menor que a imaginada inicialmente.
Em junho, quando as transações foram reportadas e os temores com perdas na colheita pelas enchentes nos EUA eram maiores, o milho na bolsa de Chicago atingiu um pico no ano acima de 4,54 dólares, enquanto atualmente é negociado em torno de 3,70 dólares por bushel.
O mapa interativo de monitoramento de navios da Refinitiv mostra que o cargueiro Qing Hua Shan finalizou o embarque de milho aos EUA na última quarta-feira, no terminal da Cantagalo General Grains (CGG) no Tegram, que integra o porto de Itaqui.
Esse é primeiro navio com milho do Brasil que segue aos EUA neste ano, segundo dados do Agrostat, do Ministério da Agricultura.
"É apenas o primeiro, virão outros ainda", disse à Reuters o presidente da negociante de grãos AgriBrasil, Frederico Humberg.
Questionado, o chefe operacional da CGG, Marcos Bertoni, disse que esse foi o único embarque de milho aos EUA neste ano no Tegram, terminal com logística favorável para embarques à América do Norte, pela proximidade.
De acordo com Humberg, da AgriBrasil, nos melhores momentos do mercado para exportação, "foram comprometidos pelo menos 20 navios de milho para os EUA, mas como a safra lá teve menos problemas que o imaginado, eventualmente esse número pode encolher", com alguns cancelamentos de embarques.
Ele disse acreditar, que ao final, pelo menos dez navios, referentes a negócios realizados anteriormente, devem seguir aos EUA.
As últimas ocasiões em que o Brasil vendeu quantidades significativas de milho para os EUA foram em 2012 e 2013, quando uma seca fez com que o país se voltasse para a América do Sul em busca de suprimentos.
As exportações brasileiras de milho para os EUA totalizaram 1,7 milhão de toneladas nos dois anos somados (2012 e 2013), de acordo com dados do governo brasileiro.
Neste ano, contando com uma safra recorde de 100 milhões de toneladas de milho e um câmbio favorável, o Brasil --segundo exportador global do grão atrás dos EUA-- deverá fechar o período com exportações recordes do cereal. Segundo a associação de exportadores Anec, serão ao menos 35 milhões de toneladas, ante cerca de 23 milhões em 2018.
No acumulado de 2019, as exportações de milho já somam 27,46 milhões de toneladas, um volume que supera com folga o total exportado em todo o ano passado.
A exportação brasileira de milho é bastante diversificada, com o país vendendo para muitos destinos.
Este ano, contudo, o Brasil está vendo boa demanda de tradicionais compradores do cereal norte-americano, como o México e Colômbia, que já compraram mais de 500 mil toneladas de janeiro a agosto, segundo dados do governo.
De acordo com informações da programação de navios, somente entre setembro e início de outubro, o México importará mais 500 mil toneladas, com negócios feitos anteriormente.
Para novos negócios de exportação, disse um corretor no Paraná, o mercado não está muito favorável, com compradores para consumo interno com maior apetite que exportadores.
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