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CORREÇÃO-Geradora Faro emite debênture sustentável para financiar projetos solares no Brasil

11/02/2020 12h21

(Na reportagem de 10 de fevereiro, no último parágrafo, corrige nome para Oiticica, não Oiticia)

SÃO PAULO (Reuters) - A geradora de energia londrina Faro Energy emitiu a primeira chamada "debênture sustentável" do Brasil, com o objetivo de captar 15 milhões de reais para investir em projetos de geração distribuída de energia solar e iniciativas sociais no país.

Debêntures sustentáveis são aquelas cujos recursos são investidos tanto em projetos com benefícios ambientais quanto sociais.

A estreia desse tipo de papel no Brasil chega em um momento em que as emissões de bônus verdes, sociais e sustentáveis devem crescer 24% no mundo neste ano, para 400 bilhões de dólares, de acordo com relatório publicado pela Moody's em fevereiro.

A emissão também vem em meio a forte aquecimento no Brasil do mercado de geração distribuída, que geralmente envolve a instalação de sistemas solares em residências ou terrenos para atender diretamente a demanda de consumidores.

No caso das debêntures da Faro, 14,9 milhões de reais serão usados para quitar dívidas em moeda estrangeira, enquanto 100 mil reais serão destinados a aulas de desenvolvimento de habilidades socio-emocionais para 600 alunos de uma escola da cidade de Pirapora, no norte de Minas Gerais.

Os papéis foram certificados pela Bureau Veritas.

"A Faro poderia ter feito uma emissão de debênture tradicional, mas queríamos que nosso projeto tivesse diferentes tipos de impacto na região onde está", disse Pedro Mateus, presidente da Faro no Brasil, que tem hoje uma capacidade de geração bruta de 222 mil megawatts-hora por ano.

A remuneração das debêntures será equivalente à inflação medida pelo IPCA mais 5,45% ao ano, com prazo de dez anos.

Os papéis têm como garantia o fluxo de pagamento pela energia solar gerada pela Faro e consumida por dois clientes, o Aquário do Rio e uma rede de supermercados em Pirapora.

O título foi estruturado pela securitizadora GaiaSec.

"Acreditamos que a simples equação de risco e retorno para investimentos vai acabar. A questão do impacto social e ambiental terá que entrar nessa conta," disse o presidente da Gaia, João Pacífico.

O Banco BTG Pactual SA, que em geral atua em transações de centenas milhões de reais, atuou como distribuidor das debêntures da Faro.

"Sentimos nos últimos três anos que a demanda por investimentos de impacto tem crescido e queríamos testar como seria a demanda", disse Mariana Oiticica, sócia do BTG Pactual.

(Por Carolina Mandl)