IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Ibovespa desaba e tem 2° circuit breaker da semana com pandemia de coronavírus

11/03/2020 17h49

Por Peter Frontini

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa despencou nesta quarta-feira e a B3 acionou o circuit breaker pela segunda vez nesta semana, diante de temores globais com o coronavírus, agora classificado como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Ibovespa desabou 7,64%, a 85.171,13 pontos, nova mínima desde outubro de 2018. O volume financeiro da sessão somou 34,3 bilhões de reais.

O índice acumula queda de mais de 13% apenas esta semana, chegando a 26,3% de desvalorização em 2020.

Operando no vermelho desde a abertura, o Ibovespa acelerou perdas à tarde, com o circuit breaker paralisando as negociações por 30 minutos após a OMS ter classificado o coronavírus como pandemia, derrubando mercados internacionais. Na mínima, chegou a cair 12,4%.

"Estamos profundamente preocupados com os níveis alarmantes de disseminação e severidade e com os níveis alarmantes de inação. Por isso, avaliamos que o Covid-19 pode ser caracterizado como pandemia", afirmou o diretor-geral da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Para Alvaro Azevedo, sócio da Vero Investimentos, o mercado ainda aguarda sinalizações mais claras dos governos sobre as medidas que serão tomadas para amenizar os efeitos da epidemia.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, procurou acalmar os temores, afirmando nesta quarta-feira que utilizará todos os recursos governamentais possíveis para combatê-lo.

Outros países também intensificaram as medidas de combate ao vírus, com o banco central britânico cortando sua taxa de juros e a Itália aumentando os gastos diante de um crescente números de infectados e mortos no país.

No Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o Congresso está à disposição do governo para, além das medidas emergenciais de curto prazo, dar respostas aos impactos econômicos da disseminação do vírus.

Mais cedo, a equipe econômica cortou projeção de crescimento neste ano a 2,1%, ante patamar de 2,4% calculado em janeiro. A estimativa ainda é superior à expansão de 1,99% esperada pelos economistas para a economia neste ano, conforme boletim Focus mais recente.

O número de casos confirmados da doença no Brasil chegou a 52 nesta quinta-feira, aumento de 18 em relação à véspera, informou o Ministério da Saúde.

Também pressionando o índice, estavam os papéis de Petrobras, afetados após a Arábia Saudita afirmar que planeja expandir ainda mais a capacidade de produção de petróleo, impactando no preço da commodity.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN desabou 9,74%, refletindo nova queda nos preços do contrato futuro do petróleo, diante do plano da Arábia Saudita para expandir a capacidade de produção da commodity para 13 milhões de barris por dia (bpd), ante 12 milhões atuais. A ação ordinária perdeu 10,84%.

- TELEFÔNICA BRASIL avançou 0,48% e TIM ganhou 1,23%, sendo as únicas empresas do índice a encerrarem o dia no azul, após manifestarem na noite da véspera interesse em uma negociação conjunta para a compra da operação móvel da Oi. OI ON, que não faz parte do Ibovespa, avançou 4,49%.

- VALE ON perdeu 9,08%, após o salto de 18% na véspera, diante da alta dos preços do minério de ferro na China. CSN ON teve recuo de 14,4%. Um empregado da empresa em São Paulo foi diagnosticado com coronavírus.

- LOCALIZA ON desabou 7,13%. A empresa, que divulgou balanço na noite de terça-feira, afirmou que seu desempenho operacional em 2020 pode até se beneficiar dependendo dos desdobramentos do coronavírus, mas que tem flexibilidade para reagir em cenários mais adversos.

- AZUL PN despencou 16,4%, maior queda da sessão, enquanto GOL PN recuou 14,5%, com o setor aéreo sendo mais uma vez o mais prejudicado pelos efeitos da epidemia, apesar da queda dos preços do petróleo.

- CVC BRASIL perdeu 11,58%. A empresa, que na véspera informou que divulgará seus resultados financeiros apenas em 31 de março em vez de dia 12, anunciou que contratou empréstimo de 90 milhões de dólares do Citibank.