Mourão defende isolamento para posterior avaliação de avanço do coronavírus no país
BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente da República, general da reserva Hamilton Mourão, defendeu nesta quarta-feira que seja feita uma avaliação do avanço do novo coronavírus ao final do período de isolamento, para então promover uma retomada gradativa de atividades.
A declaração do vice-presidente difere de tom adotado pelo presidente Jair Bolsonaro, que na véspera minimizou a pandemia em cadeia nacional de rádio e televisão, classificou o Covid-19 de "gripezinha" e "resfriadinho" e criticou governadores e prefeitos que adotaram medidas de restrição à circulação de pessoas. Mourão sustenta, no entanto, que o governo tem uma posição unificada.
"Existe uma discussão no mundo entre o isolamento horizontal e o isolamento vertical, que são pessoas que pertencem ao grupo de risco e as que têm convívio com elas", disse o vice-presidente.
"A minha visão por enquanto é que temos que terminar esse período que estamos em isolamento para que haja calibragem da forma como está avançando a epidemia no país e, a partir daí, se possa gradativamente ir liberando as pessoas dentro de atividades essenciais", avaliou Mourão em entrevista nesta quarta-feira.
Para o vice-presidente, a posição do governo "é uma só, isolamento e distanciamento social".
"Pode ser que ele (Bolsonaro) tenha se expressado de uma forma, digamos assim, que não foi a melhor, mas o que ele buscou colocar é a preocupação que todos nós temos com a segunda onda como se chama nesta questão do coronavírus", disse Mourão.
"Nós temos uma primeira onda, que é a saúde, e temos uma segunda onda, que é a questão econômica", explicou, admitindo que o governo discute a forma de isolamento.
"Ele (Bolsonaro) tem essa preocupação enorme com o verdadeiro desmantelamento da economia e em consequência das pessoas que vivem nas áreas mais pobres do nosso país da noite para o dia", argumentou o vice-presidente.
Para Mourão, "essa foi a preocupação principal dele".
"E isso foi discutido com os nossos governadores, foi discutido com o presidente em reunião com os ministros pela manhã, mas a posição do governo continua a ser aquela que está preconizada: estamos mantendo o isolamento e o distanciamento social."
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, endossou nesta quarta-feira as críticas feitas por Bolsonaro às medidas de restrição adotadas por governadores, afirmando que as decisões foram tomadas de forma precipitada.
Mandetta admitiu que o ministério estuda sugestão de Bolsonaro de adotar o chamado "isolamento vertical", que abrangeria apenas pessoas consideradas do grupo de risco, como idosos e portadores de doenças crônicas.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello)
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