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Bradesco indica provisões de R$ 2,7 bi para perdas com inadimplência; ações caem

Fila se forma na calçada do banco Bradesco, no Grajaú, periferia da zona sul da cidade de São Paulo - Cleber Souza/UOL
Fila se forma na calçada do banco Bradesco, no Grajaú, periferia da zona sul da cidade de São Paulo Imagem: Cleber Souza/UOL

Por Carolina Mandl

30/04/2020 13h25

O Bradesco está provisionando 2,7 bilhões de reais para perdas esperadas com inadimplência ligada à covid-19 e pode reservar mais nos próximos meses, com o presidente-executivo avaliando a crise como mais severa que as anteriores.

"Nosso objetivo é preservar a solidez do banco para enfrentar os desafios futuros", disse Octavio de Lazari a jornalistas em teleconferência nesta quinta-feira. "Essa crise é mais severa do que as que o Brasil enfrentou em 2008 e 2016", acrescentou, referindo-se à crise financeira global e a uma forte recessão doméstica.

O Bradesco apresentou lucro recorrente de 3,753 bilhões de reais, queda de quase 40% em relação ao ano anterior e abaixo da estimativa da Refinitiv, de 5,975 bilhões de reais.

O retorno sobre o patrimônio líquido caiu 9 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior, para 11,7%, como resultado das maiores provisões.

As ações preferenciais do segundo maior banco privado do Brasil caíram cerca de 6% por volta de 13h.

"Vemos o resultado como negativo devido à deterioração mais rápida do que a esperada nos indicadores de qualidade dos ativos", disseram analistas do Credit Suisse em nota a clientes, acrescentando que as provisões devem manter tendência de alta.

As provisões para perdas com empréstimos do banco aumentaram 86% sobre um ano antes, a 6,7 bilhões de reais, na expectativa de maior inadimplência de consumidores e empresas que enfrentam os efeitos econômicos da pandemia. O banco tem reserva de 5,1 bilhões de reais para enfrentar um cenário econômico adverso.

Lazari disse que o Bradesco provavelmente concederá aos clientes outra extensão de 60 dias para o pagamento de dívidas. No início de março, o banco já abrira caminho para os clientes adiarem os pagamentos das parcelas por dois meses.

Junto com o aumento das provisões, o banco também tenta enfrentar a crise com corte de custos. O Bradesco pretende fechar mais 78 agências do que o previsto no início do ano, totalizando 378 unidades.

O credor suspendeu as projeções de resultados de 2020 por causa da incerteza relacionada ao coronavírus, e Lazari disse que não pode prever quando a economia poderá se recuperar.

O surto de Covid-19 teve um impacto menor no Brasil até meados de março, portanto seu impacto nas operações bancárias do primeiro trimestre foi limitado.

A carteira de empréstimos do Bradesco cresceu 5,1% em relação a dezembro, principalmente por meio de empréstimos corporativos, já que grandes empresas procuraram reforçar os balanços patrimoniais antes de uma esperada recessão profunda.

Lazari disse que desde meados de março o banco concedeu 57 bilhões de reais em novos empréstimos, mas que a demanda por crédito diminuiu.

As receitas com tarifas aumentaram 2,6% em relação ao ano anterior, nas taxas de conta corrente e corretagem.