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Ibovespa tem sessão volátil com preocupações sobre efeitos do Covid-19

07/05/2020 15h04

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa tinha uma sessão volátil nesta quinta-feira, com as preocupações sobre os efeitos da pandemia de Covid-19 na economia brasileira e o ambiente político ainda cheio de ruídos minando a influência positiva do cenário externo e do corte acima do esperado da taxa Selic na véspera.

Às 15:03, o Ibovespa caía 0,74 por cento, a 78.480,32 pontos, tendo já oscilado da mínima de 78.061,44 pontos à máxima de 80.061,19 pontos. O volume financeiro alcançava 21,1 bilhões de reais.

A decisão do Banco Central de reduzir o juro básico do país a 3% ao ano, fez o dólar acelerar, chegando a 5,8780 reais na máxima da sessão no mercado spot, e apoiava ações de exportadoras, em movimento ainda respaldado por dados de comércio exterior da China melhores do que o esperado.

Além disso, um ambiente de juros mais baixos no país tende a favorecer a migração de recursos para ativos como ações, em busca de mais rendimento.

Mas esses potenciais componentes positivos para o Ibovespa esbarravam em preocupações sobre o tamanho do estrago nas empresas brasileiras, em razão das medidas de confinamento, bem como nas contas do país por causa das ajudas governamentais. Tudo isso tendo de pano de fundo uma cena política mais tensa.

Na quarta-feira, o Senado aprovou o projeto de auxílio a Estados e municípios, que segue à sanção presidencial, que prevê o repasse de 60 bilhões de reais aos entes federativos.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou mais cedo que empresários alertaram o governo que, mantidas as medidas de contenção ao coronavírus, em 30 dias pode começar a faltar comida e produtos na prateleiras.

"E aí você entra em um sistema não só de colapso econômico, mas de desorganização social", afirmou na porta do Supremo Tribunal Federal (STF), onde participou ao lado do presidente Jair Bolsonaro e de uma comitiva de empresários de audiência de última hora com o presidente da corte, Dias Toffoli.

Para o analista Ilan Arbertman, da Ativa Investimentos, a declaração alinhada de Bolsonaro e Guedes repercutiu bem, mas não há discurso que tire o risco e a efervescência política do radar dos investidores, que segue penalizando ativos domésticos.

"Tudo isso em um momento frágil da economia do país. Não dá para ignorar 'termos' como 10 milhões de empregos perdidos, colapso da economia. Tudo isso tem reforçado o entendimento no mercado de que a retomada da economia pode ser mais demorada do que se previa", acrescentou.

Mas cedo, Roberto Setubal, copresidente do conselho de administração do Itaú Unibanco estimou que pode levar dois anos para que a economia tenha recuperação completa da crise do coronavírus.

Balanços corporativos também ocupavam as atenções, com Banco do Brasil apresentando resultado considerado positivo por analistas, mas incapaz de evitar a pressão negativa nos papéis de bancos, dadas as perspectivas econômicas sombrias.

Ambev também era destaque negativo, após forte queda no lucro do primeiro trimestre e perspectiva de que o que o impacto da pandemia de Covid-19 nos resultados do segundo trimestre seja materialmente maior.

Notre Dame Intermédica aparecia na ponta positiva, após divulgar forte aumento do lucro trimestral, passando praticamente ilesa pelos efeitos da pandemia do coronavírus que atingiram a maioria dos setores econômicos do país desde a segunda metade de março.

Entre as exportadoras, destaque para o setor de papel e celulose, com analistas do Bradesco BBI ainda elevando a recomendação para Suzano a 'outperform' e o preço-alvo de 42 para 58 reais, e reiterando 'outperform' para Klabin, com alta do preço-alvo, de 21 para 27 reais.