Shell começa perfurar Saturno, no pré-sal de Santos, e vê desafio regulatório
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A anglo-holandesa Shell está iniciando a perfuração no bloco de Saturno, no pré-sal da Bacia de Santos, e avalia que o Brasil tem desafios regulatórios pela frente para se manter atrativo, afirmou nesta quinta-feira o presidente da companhia no Brasil, André Araujo.
Principal produtora de petróleo do Brasil depois da Petrobras, a Shell é operadora de Saturno com 45% de participação, tendo como parceiras a Chevron (45%) e a Ecopetrol (10%). O bloco foi arrematado em consórcio em leilão do pré-sal em 2018, por 3,125 bilhões de reais.
"Recentemente a sonda saiu da (área de) Gato do Mato e foi para Saturno e vamos começar essa jornada de 60/75 dias e torcer, é um grande investimento", afirmou Araujo, durante transmissão ao vivo do jornal Valor Econômico.
A área de Gato do Mato, operada pela Shell na Bacia de Santos, também teve a perfuração iniciada em 2020. O executivo não entrou em detalhes sobre os resultados alcançados.
Araujo pontuou ainda que, apesar do cenário internacional de baixos preços do petróleo, a empresa superou suas metas de produção no Brasil no primeiro trimestre, pouco acima de 400 mil barris de petróleo por dia, considerando ativos operados e não operados.
"Nos nossos ativos operados, BC10 e Bijupira e Salema, tivemos recorde de produção nesses últimos meses", pontuou.
DESAFIOS REGULATÓRIOS
No entanto, Araujo ressaltou que o cenário global para a indústria de petróleo é desafiador e que o Brasil tem desafios regulatórios pela frente para se manter atrativo com um novo patamar de preços pela frente.
As medidas de isolamento para combater a pandemia do novo coronavírus no mundo contribuiu com uma queda de 45% do preço do petróleo Brent --referência internacional-- neste ano, levando as petroleiras a revisar seus planos de negócios em todo mundo.
No Brasil, Araujo afirmou que a Shell suspendeu novos contratos, decidiu pelo recrutamento apenas em casos críticos, revisou a política de expatriação, dentre outras iniciativas.
"Seguramente nós vamos continuar olhando formas de revisão regulares..., obviamente, bastante pressionados por um preço de petróleo em patamar diferente (do que estava previsto no plano de negócios)", afirmou Araujo.
Segundo o executivo, as petroleiras vão ter que se adaptar a um cenário de investimentos mais baixos e "sem dúvida, os investimentos vão migrar para aqueles países e projetos que sejam mais atrativos".
Dentre as expectativas de avanços regulatórios no país, a Shell observa as discussões sobre o programa do governo Novo Mercado de Gás, que busca reduzir a participação da Petrobras no setor, além de permitir a entrada de novos investidores e competição.
Ele também citou discussões do governo relacionadas a novas regras para leilões de áreas exploratórias, para atrair maior interesse.
"Tenho, como brasileiro, a expectativa de que o Brasil vai continuar na liderança de competitividade, há bastante coisa que pode ser feita para fazer com que nos futuros leilões a atividade de exploração de petróleo continue sendo atrativa e deva ser mais atrativa ainda", afirmou.
Araujo pontuou ainda que o pré-sal no Brasil é uma "área estratégica de bastante interesse" e "extremamente produtiva", mas ponderou que haverá um regime de competição global, ao mesmo tempo em que companhias vão começar a alocar também mais dinheiro para outras formas de energia.
(Por Marta Nogueira)
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