"Foi tudo muito difícil", diz mãe que teve Covid-19 e só pôde levar bebê para casa um mês depois
Por Sergio Queiroz
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Quando Luísa veio ao mundo em um hospital do Rio de Janeiro, sua mãe, a enfermeira Rusia Gois, estava desacordada e entubada devido à Covid-19, doença respiratória provocada pelo novo coronavírus.
O parto precisou ser antecipado devido ao avanço da doença na mãe, que deu à luz em 26 de abril, no início do 8º mês de gestação, e só conseguiu encontrar a filha quase um mês depois -- quando ambas, saudáveis, puderam "ir para casa seguir a vida", nas palavras de uma mãe emocionada.
"Muito difícil, muito angustiante, eu ainda me emociono com tudo, tudo me faz chorar", disse Rusia, de 43 anos, em entrevista à Reuters, na maternidade onde Luísa nasceu.
"Foi tudo muito difícil, do início --de quando eu entrei aqui na maternidade com os sintomas, que eram muito sofridos-- até o dia da minha alta. A minha recuperação no hospital também foi muito difícil, tudo muito doloroso. No momento em que eu estava em coma, não tenho essa noção, mas o antes de ela nascer e depois que eu fiquei lúcida, foi tudo muito difícil."
Rusia deu entrada no Hospital e Maternidade Santa Lúcia devido aos sintomas da Covid-19, em especial a falta de ar. Ela ficou internada por dois dias antes de a equipe médica decidir pela antecipação do parto para o tratamento da doença.
A bebê teve resultado negativo nos testes realizados para a Covid-19.
Depois do nascimento, Luísa ficou na maternidade enquanto a mãe enfrentava o coronavírus no Hospital Pró-Cardíaco, para onde fora transferida devido à gravidade de seu quadro. Recuperada da pior fase da doença, mas ainda hospitalizada, Rusia pôde conhecer a filha virtualmente, através de um tablet, com o pai Ednaldo Gois como intermediário segurando a bebê no colo do outro lado da tela.
"A parte mais difícil já passou", disse ele à esposa da maternidade.
Recuperada, Rusia teve alta do hospital após 14 dias internada e finalmente pôde encontrar a filha no dia 20 de maio, quase um mês depois do nascimento. Cinco dias depois, Luísa recebeu uma festa com balões e um músico tocando violino ao deixar o hospital a caminho de casa ao lado dos pais e da irmã mais velha, Júlia, de 8 anos.
"Para uma mãe, só Deus sabe quanta falta me fez aquela pequenininha, que estava dentro da minha barriga, e que de repente tiraram por conta disso tudo, e depois poder pegar ela no colo é muito emocionante", afirmou Rusia.
Após ter sobrevivido a uma doença que tem provocado milhares de mortes pelo país, a enfermeira fez um alerta para que a população tome todas as medidas de precaução para evitar a Covid-19.
"Eu peço para que as pessoas se cuidem. Nós estávamos nos cuidando, mas é uma doença muito fácil de pegar. Por mais que você tenha cuidado, então quanto mais cuidado melhor", disse Rusia, acrescentando que o marido e a filha Júlia também foram infectados.
"Para as grávidas é mais difícil. Eu estava grávida, eu estava com 34 semanas. Então, assim, resguardem as grávidas, guardem as grávidas dentro de casa, cuidem das grávidas, porque só Deus sabe o quanto foi difícil isso tudo por eu estar grávida... eu quase morri."
(Reportagem adicional de Pedro Fonseca)
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