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Bolsa de NY abandona plano de deslistar três empresas de telecomunicações chinesas

Operadores trabalham na Bolsa de Nova York - Bryan R. Smith/AFP
Operadores trabalham na Bolsa de Nova York Imagem: Bryan R. Smith/AFP

Por Pei Li e Tom Westbrook

05/01/2021 09h57

HONG KONG/SINGAPURA (Reuters) - A Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) informou que não pretende mais deslistar três gigantes das telecomunicações chinesas, em uma reviravolta surpreendente a um anúncio feito na semana passada e aprofundando a confusão sobre a repressão dos EUA contra empresas que dizem ser ligadas a militares da China.

A Bolsa, que planejava deslistar as empresas antes de 11 de janeiro, informou em um breve comunicado que tomou a decisão "à luz de novas consultas às autoridades regulatórias relevantes".

As ações negociadas em Hong Kong nas empresas estatais China Mobile Ltd, China Telecom Corp Ltd e China Unicom Hong Kong Ltd subiram após a notícia.

Nas últimas semanas da Presidência de Donald Trump, a decisão da Nyse ressaltou a falta de clareza sobre a implementação e as implicações da proibição dos EUA de investir em 35 empresas chinesas classificadas como tendo ligações militares.

"(Isso) mostra quão pouco claro é esse conjunto de orientações regulatórias até agora, especialmente no momento em que os EUA estão mudando o governo", disse Tariq Dennison, diretor-gerente da GFM Asset Management em Hong Kong.

Os fundos da Dennison detêm ações da China Mobile em Hong Kong e Nova York. As posições em Nova York foram quase totalmente canceladas, prevendo a necessidade de encontrar investimentos de clientes dos EUA com menos exposição aos riscos associados às proibições de investimento.

Alguns analistas disseram acreditar que a Bolsa foi informada pelo Office of Foreign Assets Control, que é responsável por aplicar as sanções, que as remoções eram desnecessárias, embora o investimento em empresas relacionadas tenha sido proibido.

"Achamos que esta é a conclusão lógica", disse o analista da Jefferies Edison Lee, que chamou a reviravolta de "bizarra".

Outros acrescentaram que a reversão fazia sentido para a Bolsa.

"A China é responsável por pelo menos um quarto da receita externa dos EUA (Bolsas de Valores). É uma coisa inteligente a se fazer", disse Francis Lun, CEO da Geo Securities.

O decreto de novembro do governo de Trump fez com que as empresas de índices, incluindo FTSE Russell e MSCI Inc, cortassem uma dúzia de empresas chinesas da lista de seus índices de referências, mas nenhuma removeu as três empresas de telecomunicações, todas com grandes fundos passivos norte-americanos entre seus principais acionistas.

As três empresas de telecomunicações disseram em comunicados que tomaram conhecimento do último anúncio da Nyse e divulgariam informações de acordo com os regulamentos, acrescentando que os investidores devem prestar atenção aos riscos de investimento.

O Ministério das Relações Exteriores da China criticou o que chama de ampliação do conceito de segurança nacional dos EUA para suprimir as empresas chinesas.

Reiterou nesta terça-feira que o status dos Estados Unidos como um centro financeiro internacional depende da confiança que as empresas e investidores globais têm na certeza de suas regras.

As ações listadas em Hong Kong da China Mobile fecharam em alta de 5% nesta terça-feira, enquanto China Telecom subiu 3% e China Unicom avançou mais de 8%.

(Reportagem de Tom Westbrook em Cingapura, Pei Li e Clare Jim em Hong Kong, Yew Lun Tian em Pequim e Se Young Lee)