Gasto do consumidor dos EUA volta a cair e inflação mostra alta gradual
Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - Os gastos dos consumidores norte-americanos caíram pelo segundo mês consecutivo em dezembro, em meio a novas restrições empresariais para desacelerar a disseminação da Covid-19 e ao vencimento temporário de benefícios financiados pelo governo para milhões de desempregados.
O relatório do Departamento de Comércio divulgado nesta sexta-feira também mostrou que a inflação subiu de forma gradual no mês passado. A pressão nos preços foi corroborada por outros dados mostrando ganho sólido nos custos de mão de obra no quarto trimestre.
Embora a inflação deva ultrapassar a meta de 2% do Federal Reserve neste ano, o banco central dos EUA deve manter sua política monetária ultraestimulativa por um tempo, conforme a economia ainda luta contra a pandemia de Covid-19.
Os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, recuaram 0,2% no mês passado, já que despesas com restaurantes diminuíram. Os gastos com hospitais também caíram, provavelmente porque os consumidores se afastaram com medo de contrair o coronavírus. As famílias também cortaram despesas com recreação.
Economistas consultados pela Reuters previam que os gastos recuariam 0,4% em dezembro. Os gastos do consumidor dos Estados Unidos caíram 0,7% em novembro.
Quando ajustados pela inflação, os gastos do consumidor recuaram 0,6% em dezembro, após queda de 0,7% em novembro. Isso provavelmente estabelece uma base mais baixa para os gastos do consumidor no primeiro trimestre deste ano.
Os dados foram incluídos no relatório antecipado do Produto Interno Bruto (PIB) para o quarto trimestre, que mostrou a economia em alta a uma taxa anualizada de 4%, após um salto recorde de 33,4% no terceiro trimestre. Os gastos do consumidor avançaram a uma taxa de 2,5% no último trimestre, após ritmo espetacular de 41,0% no período de julho a setembro.
O crescimento econômico deve desacelerar para uma taxa abaixo de 2% no primeiro trimestre, à medida que a atividade enfrenta interrupções causadas pelo vírus durante o inverno (no Hemisfério Norte).
O governo norte-americano forneceu quase 900 bilhões de dólares em alívio adicional no final de dezembro. Isso, bem como uma aceleração antecipada na distribuição de vacinas, provavelmente estimulará o crescimento até o verão.
O presidente dos EUA, Joe Biden, também apresentou um plano de recuperação no valor de 1,9 trilhão de dólares, embora o pacote deva ser reduzido em meio a preocupações com o aumento da dívida do país.
No mês passado, a renda pessoal teve recuperação de 0,6%, impulsionada por pagamentos de auxílio-desemprego e também pelo aumento dos salários. A renda teve queda de 1,3% em novembro. Os norte-americanos pouparam mais no mês passado. A taxa de poupança subiu para 13,7%, ante 12,9% em novembro.
Apesar do fraco consumo, a inflação subiu ligeiramente nos EUA. O núcleo do índice de preços de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) --que exclui alimentos e energia, componentes voláteis-- avançou 0,3%, após ficar inalterado em novembro. No acumulado em 12 meses até dezembro, o núcleo do PCE subiu 1,5%, após alta de 1,4% em novembro.
O núcleo do PCE é a medida de inflação preferida para a meta de 2% do Fed. A meta é flexível, já que busca uma inflação média de 2%.
VENDAS PENDENTES E CONFIANÇA
O número de contratos para compra de casas usadas nos Estados Unidos diminuiu pelo quarto mês consecutivo em dezembro, devido à falta de imóveis disponíveis para venda, o que está elevando os preços.
A Associação Nacional de Corretores de Imóveis (NAR, na sigla em inglês) informou nesta sexta-feira que seu Índice de Vendas Pendentes de Moradias, baseado em contratos assinados no mês passado, caiu 0,3% em dezembro, para 125,5.
E a Universidade de Michigan divulgou que seu índice de confiança do consumidor norte-americano caiu a 79,0 em janeiro, pela leitura final, ante dado preliminar e expectativa de 79,2 e abaixo da marca de 80,7 de dezembro.
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