Esforço dos EUA por energia "verde" pressiona preços globais de óleos vegetais
Por Naveen Thukral e Gavin Maguire
CINGAPURA (Reuters) - Esforços do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em favor dos combustíveis "verdes", à base de óleos vegetais, está ajudando a elevar preços desses produtos, que já estavam perto de máximas recordes, afetando importantes consumidores sensíveis ao custo na Índia e na África e gerando temores de inflação global de alimentos.
O índice das Nações Unidas para os preços de óleos vegetais avançou 70% desde junho do ano passado, para máximas de nove anos, depois que a escassez de mão de obra nas plantações de palma da Ásia e o clima adverso em importantes centros produtores de girassol, canola e soja diminuíram a fabricação de óleos vegetais e levaram os estoques para os menores níveis em dez anos.
A alta nos preços dos óleos vegetais ajudou a guiar um aumento no índice de preços de alimentos da ONU em geral, que alcançou o maior patamar desde 2014, prejudicando consumidores nos países em desenvolvimento e estabelecendo um desafio para os formuladores de políticas em meio às tentativas de estimular o crescimento econômico.
A recuperação na demanda após impactos da Covid-19 aumentou o aperto no mercado, assim como a eleição de Biden e suas promessas de uma "revolução da energia limpa", que parecem ter potencial de aumentar mais a demanda por biocombustíveis.
"Há um novo fator que surgiu depois da eleição do presidente Biden e que elevou a projeção para a demanda por óleo de soja: o biodesel 100%", disse Dorab Mistry, importante analista do setor de óleos vegetais.
"Quatro refinarias já disseram que vão encerrar o refino de combustível fóssil e, no lugar, começar a produzir combustíveis à base de óleos vegetais."
Os contratos futuros do óleo de palma na Malásia, referência para o óleo vegetal mais negociado do mundo, recentemente ultrapassaram 4 mil ringgits por tonelada pela primeira vez desde 2008.
O valor do óleo de canola avançou cerca de 25% neste ano, enquanto o óleo de girassol no Mar Negro subiu quase 30%. Já o óleo de soja teve ganho de mais de 27% em 2021.
"Há essa discussão antiga sobre alimento versus combustível, mas ninguém ousa discutir sobre isso, porque agora só se fala em energia 'verde'", disse Mistry, diretor da Godrej International, à Reuters.
"Vai levar muito tempo, além de muitas reclamações dos países em desenvolvimento, para que as pessoas realmente tentem diminuir o ritmo em que a energia 'verde' está sendo produzida", afirmou.
Por outro lado, a esforço em favor dos veículos elétricos ajudará a limitar o aumento no uso de óleos vegetais para a produção de biodiesel, destacou Phin Ziebell, economista de agronegócios do National Australia Bank em Melbourne.
"É mais provável que o biodiesel vá para o transporte pesado, como caminhões e trens, assim como para serviços de terraplanagem e construção", disse ele.
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