Dólar cai por otimismo externo; alívio segue frágil por imbróglio sobre Orçamento e pandemia
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caía ante o real na manhã desta quinta-feira, devolvendo a alta da véspera, em dia de otimismo global e busca por ativos de risco após na sessão anterior o banco central dos Estados Unidos reforçar expectativas de manutenção de farta liquidez, o que beneficia países emergentes como o Brasil.
O dólar à vista caía 0,79%, para 5,5999 reais, às 9h42.
No exterior, o índice do dólar recuava 0,13%, os futuros de Wall Street subiam até 0,8%, os preços dos Treasuries cediam, e as commodities se valorizavam.
Na quarta, autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) sinalizaram estar cautelosas sobre a continuidade dos riscos da pandemia e se comprometeram com o suporte da política monetária até que a recuperação esteja mais assegurada, conforme a ata da reunião de política monetária de março.
O dólar no Brasil e no mundo engatou altas nas últimas semanas por entendimento de que o Fed poderia cogitar reduzir estímulos, já que a economia dos EUA tem se recuperado em ritmo forte. A ata do banco central, porém, minimizou esse risco e permitiu alívio a ativos como moedas emergentes.
O suporte ao câmbio no Brasil, contudo, ainda parece frágil, sobretudo pela situação crítica da pandemia no país e seu consequente impacto sobre as contas públicas.
O mercado analisava notícias sobre jantar ocorrido na quarta-feira em São Paulo que contou com o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e empresários. As informações são de que Bolsonaro prometeu respeitar o teto de gastos e a responsabilidade fiscal.
Na saída do evento, Guedes afirmou que a economia brasileira está se reerguendo, mas ressaltou ser preciso avançar na vacinação em massa no país para sustentar o crescimento. A síntese do jantar foi, segundo o ministro, vacinação em massa e avanço nas reformas estruturais.
O andamento das reformas está sujeito a uma boa relação entre Executivo e Legislativo, a qual está estremecida desde o início do entrevero entre Guedes e líderes do Congresso por causa do Orçamento --aprovado pelos parlamentares, mas criticado pela equipe econômica e por agentes de mercado por se basear em premissas consideradas irreais.
Bolsonaro precisa decidir se veta ou sanciona o Orçamento até 22 de abril.
"Até que a gente tenha um desfecho nessa frente, o mercado de câmbio e também o de juros vão continuar sentindo a fragilidade dos fundamentos", disse Victor Beyruti, economista da Guide.
O dólar salta 7,8% em 2021, o que deixa o real na terceira pior posição global. O dólar só sobe mais no ano contra o peso argentino e a lira turca.
(Por José de Castro)
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